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01/12/2016 - 11:03

CFP e Fopir reúnem esforços no enfrentamento ao racismo

O Fopir irá elaborar uma carta de intenções descrevendo ações e possíveis parcerias entre o Fórum e a Psicologia para os próximos anos.

CFP e Fopir reúnem esforços no enfrentamento ao racismo

Representantes de entidades que compõem o Fórum Permanente pela Igualdade Racial (Fopir) reuniram-se nesta quarta-feira (30), na sede do Conselho Federal de Psicologia (CFP), com o presidente da autarquia, Rogério Oliveira.

No encontro, as integrantes do Fórum entregaram dois documentos – um deles intitulado “Recomendações iniciais do Fopir para o poder público e a sociedade”, contendo sete reinvindicações que passam pela abertura de um amplo diálogo com a sociedade civil sobre as reformas fiscal, política e previdenciária, e pela discussão sobre racismo e relações raciais, com a criação de um Programa nacional de combate ao extermínio da juventude negra. O outro documento faz uma análise de conjuntura do Estado brasileiro e as desigualdades sociorraciais no século 21.

“Quero me comprometer com o Fopir. O racismo não é uma fantasia, é algo que perdura há mais de 500 anos e, quando não é superado, ele adoece e mata. Que possamos apresentar um programa com ações de enfrentamento ao racismo para o próximo plenário do CFP e para os conselhos regionais. É assim que se constrói política de Estado, não deixando à mercê dos governos. Esse debate não é uma questão de escolha de um plenário ou de um governo, ele tem de ser uma pauta da instituição enquanto projeto de Estado.”, enfatiza Rogério.

Carta de Intenções

O Fopir irá elaborar uma carta de intenções descrevendo ações e possíveis parcerias entre o Fórum e a Psicologia para os próximos anos. O documento será entregue pelo presidente do CFP aos representantes do próximo plenário da autarquia.

Parceria

O CFP comprometeu-se também em ser parceiro da Articulação de Psicólogos (as) Negros (as) e Pesquisadores (as) do Distrito Federal (Anpsinep – DF), na realização do minicurso “Psicologia e Relações Étnico-Raciais no Brasil”, em Brasília, nos dias 7, 8 e 9 de dezembro. O curso será ministrado pelo professor Alessandro de Oliveira Santos, professor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).

A psicóloga Marizete Gouveia, integrante da Anpsinep -DF que participou da reunião, irá redigir um documento formalizando o pedido de apoio ao Conselho. Para ela, o debate sobre racismo e relações raciais precisa avançar dentro da Psicologia, e um dos caminhos é “transformar em ponto de ação” a Resolução 18/2002 do CFP que determina normas de atuação dos profissionais em relação ao preconceito e à discriminação racial. “Essa resolução é invisível, os (as) psicólogos (as) não chegam a tomar conhecimento enquanto estão se formando. Então é necessário introduzir essa resolução, por exemplo, nos cursos de ética dentro da Psicologia”, pontua Gouveia.

A Psicologia é vista com uma importante parceira no combate ao racismo também pela representante do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, Priscila Rodrigues. De acordo com ela, é preciso dar mais atenção a questões como o adoecimento das mulheres negras. “Quando estamos em grupo de mulheres negras, é cada vez maior a demanda por contato com psicólogos (as) negros (as) que entendem o que é ‘ser negro’, e acho que e é muito importante também falar sobre o adoecimento das mulheres negras. Quando você está na luta diária, vemos mulheres adoecendo, com sua saúde mental cada dia mais danificada, e o acesso ao tratamento psicológico nem sempre é fácil ou possível. Acredito que esse diálogo com o CFP é de e extrema importância, pensando na perspectiva das mulheres negras,  moradoras de favelas e de territórios populares”, lembra a representante do Observatório de Favelas no Fopir.

Fopir

O Fórum Permanente pela Igualdade Racial, lançado recentemente, é uma coalizãosite2 de organizações da sociedade civil que atua no enfrentamento ao racismo no Brasil – promovendo e fortalecendo o debate sobre esse tema na sociedade – e na defesa e proposição de políticas públicas de promoção da igualdade racial e de gênero.