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31/05/2017 - 16:26

O suicídio e os direitos das pessoas

Ana Sandra Nóbrega, vice-presidente do CFP, participa de oficina sobre prevenção de suicídio na Organização Mundial de Saúde

O suicídio e os direitos das pessoas

“Nossa sociedade nos prepara para o consumo, mas não consegue saciar nossas necessidades de um sentido para a existência. Acredito ser fundamental sempre investigar o que mantém as pessoas vivas e essa reflexão passa pelos direitos individuais. Saúde mental tem relação com dignidade, com justa distribuição de renda”. Assim, a vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Ana Sandra Nóbrega, abordou a questão da prevenção do suicídio no Brasil. Ela participou, nessa terça-feira (30/5), em Brasília/DF, da oficina “Estabelecendo Diálogos para a Prevenção do Suicídio no Brasil.

No evento, promovido pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Ana Sandra representou também a Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde.

O objetivo da oficina foi discutir estratégias para colocar em prática as Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio de forma articulada entre representantes do Ministério da Saúde, Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil, organismos governamentais e não governamentais.

Ana Sandra lembrou três possibilidades de pensar e explicar o suicídio: as perspectivas sociológica, psicológica e nosológica, quando se pensa estritamente nos transtornos psiquiátricos. “Quando discutimos a questão do suicídio, precisamos lembrar que vivemos em uma sociedade capitalista, fundamentada na exploração e profundamente marcada pela opressão, pela desigualdade, pela competitividade e pelo individualismo. Precisamos nos perguntar onde estão estes elementos quando analisamos as ideações, as tentativas suicidas e o suicídio consumado.”

Sociedade – Ana Sandra lembrou, ainda, as reformas propostas pelo governo brasileiro, a da Previdência e a trabalhista, ingredientes que podem levar milhares de trabalhadoras (es) por um caminho de adoecimento. “Toda e qualquer morte, seja ela por suicídio ou não, traz à tona algo sobre a sociedade onde ela ocorre. Precisamos dialogar com estes dados.” Para Ana Sandra, qualquer proposta ou estratégia de prevenção do suicídio precisa discutir a vida, os valores e a sociedade que desejamos viver.

Prioridade – A Opas/OMS reconhece o suicídio e as tentativas de suicídio como prioridade na agenda global de saúde. Por isso, incentiva os países a desenvolverem e reforçarem estratégias de prevenção com abordagem multisetorial, de forma a quebrar estigmas e tabus que existem sobre o tema. Mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo. O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. Em todo o mundo, 75% dos suicídios ocorrem em países de baixa e média renda. Ingestão de pesticida, enforcamento e armas de fogo são os métodos mais comuns de suicídio em nível global.

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Em dezembro de 2013, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou “Suicídio e os desafios para a Psicologia”. A publicação chama atenção para uma situação que retira a vida de milhões de pessoas em todo mundo e que pode ser evitada, especialmente por meio do apoio psicológico para os que atentam contra a própria vida e para aqueles que vivenciam o luto da perda.

O livro reúne as questões levantadas pelos debates on-line “Suicídio: uma questão de saúde pública e um desafio para a Psicologia clínica” e “Suicídio: o luto dos sobreviventes”, realizados em 24 de julho e 21 agosto de 2013.