Programa: Para Freud, as imagens - mesmo aquelas da lembrança - encobrem outras imagens e vivências. Elas devem, portanto, ser analisadas, ou seja, devem passar pela palavra para se transformarem enfim em experiência. Para Lacan, o Imaginário é o domínio do engano e, mesmo que dele dependa do nosso “pouco de realidade” (para usar a expressão de Breton), ele deve ser expurgado pelas virtudes do Simbólico tanto quanto pela verdade talvez tenebrosa do Real. Em todo caso, trata-se em larga medida de imagens, na Psicanálise, e de nada serve rejeitá-las em um novo iconoclasmo - é necessário, antes, tentar compreender sua complexa relação com a linguagem e o que resiste a ser simbolizado, para apreender as operações imaginárias de modo mais amplo e revelador, na clínica assim como na cultura. Em diálogo com algumas produções de arte - domínio culturalmente designado como aquele do imaginário - tentaremos nessa conferência delinear um dispositivo fundamental à arte tanto quanto à Psicanálise: o reviramento do imaginário.