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13/08/2024 - 17:56

CFP realiza plenária extraordinária para tratar as perspectivas teóricas e práticas do fazer psicológico no contexto do Transtorno do Espectro Autista

Agenda insere-se no conjunto de atividades promovidas pelo CFP com o objetivo de dialogar acerca do desenvolvimento infantil e da atuação da Psicologia nesse contexto

CFP realiza plenária extraordinária para tratar as perspectivas teóricas e práticas do fazer psicológico no contexto do Transtorno do Espectro Autista

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou nos dias 12 e 13 de julho uma plenária extraordinária para debater as perspectivas teóricas e práticas do fazer psicológico no contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A agenda insere-se no conjunto de atividades promovidas pelo CFP com o objetivo de dialogar acerca do desenvolvimento infantil e da atuação da Psicologia nesse contexto. Além das(os) conselheiras(os) federais, participaram da atividade integrantes da Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica (CCAP/CFP), da Comissão de Direitos Humanos (CDH/CFP) e da Comissão Consultiva do Sistema de Avaliação de Práticas Psicológicas Aluízio Lopes de Brito (SAPP).

Também estiveram presentes especialistas na área, que abordaram concepções da deficiência e suas implicações na avaliação e intervenção junto às(aos) pessoas autistas e suas famílias.

As(Os) especialistas também dialogaram sobre algumas práticas que têm perpassado o acompanhamento de pessoas com TEA, a exemplo da Análise do Comportamento Aplicada (método ABA – abreviação para Applied Behavior Analysis), suas origens, como tem se dado a prestação de serviços na área e os principais desafios do campo.

Luiz Freitas, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), afirmou que, durante o tratamento, quando os objetivos são alcançados, novas metas são propostas, sempre respeitando as especificidades de cada pessoa. Falou ainda sobre a necessidade de elaborar intervenções para comportamentos desafiadores ligados às funções e ao desenvolvimento de habilidades de cada pessoa, bem como da complexidade de construção de um plano de intervenção individualizado e detalhado, consistente com procedimentos analítico-comportamentais.

Carlo Schmidt destacou a importância da abordagem biopsicossocial, frisando que a avaliação realizada pela equipe multiprofissional e interdisciplinar deverá considerar questões como os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; a limitação no desempenho de atividades; e a restrição de participação.

As políticas públicas e o papel do Estado na proteção social foram apontados por Maria Cristina Ventura Couto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), como um ponto fundamental frente ao tema. Para ela, a indefinição normativa para o ordenamento do cuidado às pessoas autistas pode indicar um enfraquecimento da institucionalidade política e, ainda, constituir um dos elementos no processo de apropriação do tema por uma lógica de mercado.

Nessa direção, Amadeu de Oliveira Weinmann, alertou que a voracidade inclusiva do diagnóstico de TEA tem, entre outros, o efeito de que isso pode prejudicar políticas públicas sérias de proteção às pessoas com dificuldades importantes de constituição subjetiva.

A cofundadora do instituto Cáue, Mariana Rosa, destacou a existência de diversos projetos de lei sobre o tema no Brasil, todos em diferentes estágios de tramitação e sem qualquer tipo de participação social.

Perspectivas

Lucas Sampaio, pessoa autista, músico, ativista e criador de conteúdo digital, também esteve presente no encontro e garantiu que “o diagnóstico não é o destino; ele me caracteriza, mas não me define”.

Para Lucas, que relatou sua constante dificuldade em lidar com as próprias emoções, a Psicologia é fundamental para criar ferramentas de enfrentamento a essas dificuldades. Ponderou também a importância da construção da autonomia nesse processo: “é melhor ser diferente do que indiferente”.