O texto “Sentidos da Saúde numa Perspectiva de Gênero: um Estudo com Homens da Cidade de Natal/RN” é o artigo escolhido desta semana da edição 36.2 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, publicada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). O periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO, tem semanalmente um texto publicado no site do CFP e nas redes sociais.
Segundo o resumo do artigo, a pesquisa pretendeu investigar os sentidos atribuídos à saúde por homens da cidade de Natal/RN, em dois contextos: uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de um bairro de classe média e uma Unidade de Saúde da Família (USF) de um bairro popular. O processo envolveu entrevistas semiestruturadas junto a 24 homens, sendo 12 de cada serviço, com faixa etária entre 25 e 59 anos, abordados nas unidades de saúde de cada bairro. O documento conclui que a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) pode ter uma importante contribuição na medida em que se efetive como política de saúde, sensibilizando a toda a rede de atores e serviços envolvidos na busca por novos sentidos e práticas em torno da relação gênero-saúde.
A Assessoria de Comunicação do CFP entrevistou Jáder Ferreira Leite, professor adjunto do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sobre a pesquisa.
As demais autoras do artigo são Magda Dimenstein (Professora Titular do Departamento de Psicologia da UFRN), Rafaele Paiva (Graduada em Psicologia pela UFRN), Lúcia Carvalho (Mestre em Psicologia pela UFRN e psicóloga da Secretaria Municipal de Saúde de Natal/RN), Ana Karenina de Melo Arraes Amorim(Professora adjunta do Departamento de Psicologia da UFRN) e Aparecida França (Doutora em Psicologia pela UFRN, psicóloga da Secretaria Estadual de Saúde/RN e docente do curso de Psicologia da Universidade Potiguar).
Confira a entrevista:
O que os motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema?
A pesquisa surgiu a partir da experiência de alguns autores do artigo em serviços básicos de saúde, onde percebíamos a pouca participação de homens nesses equipamentos. Por outro lado, era possível identificar algumas demandas de saúde por meio de suas parceiras ao frequentarem esses mesmos serviços e relatarem alguma forma de sofrimento de seus companheiros. Como a literatura aponta algumas barreiras para o acesso aos serviços, buscamos assim conhecer os sentidos que os homens tinham sobre saúde e como a ideia de gênero interferia nesses sentidos.
Quais os resultados que você destaca desse levantamento?
Os resultados apontam como os homens constroem sentidos de saúde atravessados por normas de gênero de modo a reforçar algumas dessas normas em torno da virilidade, masculinidade e invulnerabilidade, mesmo que isso possa custar agravos à sua saúde. Muitas vezes, assumir-se necessitando de cuidados em saúde implica reconhecer fragilidades que podem comprometer o ideal de masculinidade, como provedor da família. Por outro lado, alguns homens já apresentam variações em torno desse modelo e passam a considerar a importância de cuidado com a saúde.
Na sua opinião, como a PNAISH pode dar contribuições em uma efetiva política de saúde?
A PNAISH pode se converter em um conjunto de ações importantes para a saúde da população masculina, especialmente na atenção primária, por vários motivos: primeiro, de dar visibilidade para o fato de que os homens também são sujeitos atravessados pelas normas de gênero e com isso, as visões dominantes de masculinidade podem ser repensadas, especialmente se podem contribuir para um maior cuidado à saúde. Segundo, pode gerar reflexões em torno da orientação dos serviços de saúde que, em geral, estão habituados a receber mulheres e crianças, principalmente na atenção básica. Essa reorientação implica que os profissionais de saúde possam melhor se qualificar para reconhecer e acolher as demandas da população masculina, produzindo assim formas de cuidado sensíveis ao seu universo sociocultural.
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