Como se encontra a habilidade de compreensão de leitura de alunos do ensino fundamental de diferentes estados e escolas? Esse é o tema do artigo desta semana da edição 36.3 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, cujo título é Compreensão em Leitura no Ensino Fundamental.
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um manuscrito do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade.
A pesquisa tem as seguintes autoras: Katya Luciane de Oliveira (psicóloga, docente do curso de Psicologia e do Programa de Mestrado em Educação da Universidade Estadual de Londrina – UEL/PR); Acácia Aparecida Angeli dos Santos (psicóloga, docente da graduação no curso de Psicologia e no Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco/SP) e Milena Teixeira Rosa (pedagoga e linguista, discente bolsista CNPq do Mestrado em Educação da UEL).
Escolas
De acordo com o resumo do artigo, o objetivo da pesquisa foi explorar a habilidade de compreensão de leitura de alunos do ensino fundamental de diferentes estados e escolas. Participaram 1.316 alunos de escolas públicas dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Foi usado um texto de 83 vocábulos, preparado segundo a técnica de Cloze, em sua versão tradicional, em que se omitem todos os quintos vocábulos do texto. A aplicação foi coletiva, e os dados, submetidos à estatística descritiva e inferencial. Identificou-se que o nível de habilidade detectado foi o instrucional e houve diferenças relativas aos estados comparados e o tipo de escola.
Para abordar o estudo, a Assessoria de Comunicação do CFP entrou em contato com a professora Katya Luciane de Oliveira.
Confira a entrevista:
O que as motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema?
A motivação para levantar a leitura no ensino fundamental se baseia no fato de que o nosso ensino formal não dá conta de responder com medidas positivas e efetivas aos alunos que apresentam dificuldades de leitura e sua compreensão. Há escassez de programas interventivos que possam formar professores para lidarem com as dificuldades inerentes à leitura de seus alunos, como também faltam programas que possam aquilatar a habilidade daqueles que demonstram boa compreensão. Haveria que repensar nossa LDB (Lei de Diretrizes e Bases), nossos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e PCNLP (Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa), as políticas públicas direcionadas a educação básica, em especial, o ensino fundamental.
Quais os resultados que você destaca desse levantamento?
Ao que parece, na amostra estudada o nível de compreensão em leitura pode ser classificado como instrucional (seria um nível intermediário no qual a compreensão é suficiente para entender o texto). Isso significa que os alunos não estão no nível de frustração (aquele em que a compreensão é limítrofe). Nessa direção, desejamos que em estudos futuros possamos informar que os alunos já apresentam um nível independente no qual demonstram compreensão, fluência e criatividade.
Na sua opinião, como a pesquisa pode contribuir para melhorar a habilidade de compreensão de leitura de alunos do ensino fundamental de diferentes estados e escolas?
A pesquisa contribui na medida em que, por ser descritiva do tipo de levantamento predominantemente, descreve a realidade na qual foi desenvolvida – qual seja, da amostra das escolas municipais participantes e dos estados pesquisados. Essa descrição, por ser livre de manipulação, pode se aproximar muito da realidade retratada.
Com isso a pesquisa avança no sentido de retratar a realidade em termos da compreensão em leitura dos alunos do ensino público (da amostra pesquisada). Com esses dados podemos pensar e desconfiar como se dá o ensino da leitura, quais são os fatores interventivos empregados com os alunos, como seria possível promover cursos de formação de professores para a identificação das dificuldades inerentes à compreensão em leitura, enfim, esse artigo nos faz refletir sobre a leitura em nosso país.
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