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29/07/2016 - 14:42

Artigo mapeia perfil de bolsistas em pesquisa na área da Psicologia

Toda semana, um artigo do periódico é publicado no site e nas redes sociais do CFP. Confira

Artigo mapeia perfil de bolsistas em pesquisa na área da Psicologia

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) divulga mais um artigo publicado na edição 36.2 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, publicada recentemente na plataforma da SciELO. O texto desta semana é: Perfil dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq atuantes em Psicologia no Triênio 2012-2014. Seguindo a política de intensificando a política de ampliação do conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade, toda semana o Conselho publica um artigo do periódico em seu site e nas redes sociais.

De acordo com o resumo do artigo, o estudo aborda como Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) confere bolsas de produtividade em pesquisa (PQ) aos profissionais que preenchem determinados critérios. “A identificação do perfil dos bolsistas PQ das mais variadas áreas do conhecimento é importante tanto para a elaboração de um mapeamento geral sobre a área como um todo quanto para a elaboração de políticas que visem a incrementar o desenvolvimento científico e tecnológico em subáreas ou locais específicos. O objetivo deste estudo é analisar o perfil dos bolsistas PQ do CNPq atuantes na Psicologia, considerando o triênio concluído em 2014”.

Entre as constatações, ainda há uma centralização na região Sudeste, que recebe 55,3% das bolsas e apresenta a maior proporção de bolsas PQ por habitantes do país. Os bolsistas atuam majoritariamente em universidades públicas, principalmente federais, e são em sua maioria mulheres. Além disso, Psicologia Social, Psicologia do Desenvolvimento Humano e Tratamento e Prevenção Psicológica são as áreas de atuação mais recorrentes entre os pesquisadores que recebem bolsas PQ. “A identificação de desigualdades regionais, de concentração de bolsas em poucas instituições e de disparidades de gênero, por exemplo, pode contribuir para que algumas questões relativas à distribuição de recursos sejam reavaliadas”, apontam os pesquisadores.

A Assessoria de Comunicação do CFP entrevistou Airi Macias Sacco (Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Professora Substituta do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Pelotas). Os outros autores do artigo são Luciana Valiente (graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), Porto Alegre), Felipe Vilanova(graduado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre),Guilherme Welter Wendt (Doutorando em Psicologia e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior no exterior, Goldsmiths, University of London, London – UK, Reino Unido), Diogo Araújo DeSousa (Doutorando em Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre) e Silvia Helena Koller (Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Professora Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Confira a entrevista: 

O que os motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema?

Inicialmente, pensamos em fazer um estudo sobre o tipo de pesquisa que a Psicologia brasileira tem produzido nos últimos anos. Queríamos saber, especificamente, se estamos publicando estudos inovadores ou se as pesquisas nacionais estão restritas a adaptações e replicações. Nesse processo, nos demos conta de que seria interessante, antes de qualquer coisa, compreendermos qual é o perfil dos (as) pesquisadores (as) dessa área. Foi então que surgiu este levantamento, como um primeiro passo para uma análise mais profunda. Esperamos que essa seja realmente apenas uma etapa inicial para que sejam desenvolvidos outros estudos nessa temática. A pesquisa em Psicologia está em ascensão no Brasil. A área tem formado um número cada vez maior de mestres e doutores e tem um grande potencial de desenvolvimento e inovação.

 

Quais os resultados que você destaca desse levantamento?

Os principais resultados que encontramos dizem respeito a: (a) concentração de bolsas de pesquisa em poucas instituições, visto que 10 universidades concentram 56,7% dos bolsistas; (b) centralização na Região Sudeste, que recebe 55,3% das bolsas distribuídas no país; e (c) às disparidades de gênero, pois, com o avanço do nível de especialização, há um declínio no predomínio feminino na área: apesar de 90% dos profissionais registrados no Conselho Federal de Psicologia serem mulheres, entre os bolsistas PQ esse número cai para 63%. 

Na sua opinião, o que fazer para reduzir as desigualdades regionais, de concentração de bolsas do CNPq em poucas instituições e de disparidades de gênero?

Os critérios de avaliação podem ser repensados. Pesquisadores que trabalham em grandes centros de pesquisa geralmente têm acesso a mais recursos e a melhores condições de trabalho, além de receber um número elevado de bolsas para seus orientandos. Essas condições promovem (ou pelo menos facilitam) a produtividade, critério no qual se baseia a distribuição de bolsas. Entra-se, assim, em um círculo vicioso: aqueles que têm as melhores condições são os que produzem mais e, premiados por sua produção, seguem recebendo os maiores recursos, em um loop. Como os recursos são limitados, as desigualdades regionais acentuam-se. Com relação às disparidades de gênero, o Brasil confirma uma tendência mundial: segundo a Unesco, as mulheres correspondem a apenas 28% dos pesquisadores no mundo inteiro (http://www.uis.unesco.org/ScienceTechnology/Pages/women-in-science-leaky-pipeline-data-viz.aspx). Esse fenômeno pode demandar a implementação de políticas afirmativas. Alguns exemplos já existem, mas ainda são poucos. Essa questão é muito complexa e está relacionada tanto a elementos histórico-culturais sobre o papel da mulher na sociedade quanto a outros determinantes sociais. O importante, no entanto, é que essa é uma realidade que o mundo acadêmico não pode mais ignorar.

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