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21/06/2018 - 12:46

Aumentam violações de direitos humanos no Pará

Para Paulo Maldos, representante do CFP no Conselho Nacional dos Direitos Humanos, Psicologia deve se preocupar com terror resultante do agravamento da violência

Aumentam violações de direitos humanos no Pará

O estado do Pará, antes conhecido pela violência no campo, agora vivencia violência urbana com práticas semelhantes às da área rural, como chacinas, execuções de lideranças e formação de milícias armadas. “Tanto no campo quanto na cidade, essa violência está mais cruel. É uma violência aterrorizante”. O relato é do psicólogo Paulo Maldos, integrante do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e membro do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH). Ele esteve no estado, de 11 a 13 de junho, para participar da reunião ordinária do CNDH, que, pela primeira vez, se reuniu fora do Distrito Federal.

Além da reunião, o CNDH também realizou a audiência pública “Violações de direitos humanos no estado do Pará”, no Centro de Eventos Benedito Nunes (Hangarzinho), localizado na Universidade Federal do Pará (UFPA). A proposta era identificar as principais violações de direitos humanos no estado e propor soluções às questões levantadas por movimentos sociais e organizações da sociedade civil. Cerca de 200 representantes de organizações da sociedade civil e dos movimentos sociais, além de vítimas das violações de direitos humanos e familiares participaram do evento.

O agravamento da violência, na ótica de Maldos, está relacionado ao aprofundamento da ruptura política e institucional ocorrida no país desde o impeachment, há dois anos. Ele ressalta a importância do olhar da Psicologia nesses conflitos. “Do ponto de vista da subjetividade, nota-se o estado de terror vivido pelas pessoas, que estão sentindo a presença da morte muito de perto.” De acordo com Maldos, o agravamento dos conflitos, o rompimento institucional, o aumento da crueldade da violência e das chacinas têm colocado as comunidades aterrorizadas, a ponto de a própria população rotular como situação de barbárie ou até guerra civil não declarada.

Em contrapartida, em contraponto ao aumento da violência e das violações de direitos humanos, há uma maior articulação e mobilização das entidades e movimentos sociais no Pará em defesa dos direitos. Maldos cita como exemplo a parceria entre os povos indígenas e quilombolas, inclusive com intervenção unificada na audiência pública.

Em Belém, os representantes do CNDH também se reuniram com autoridades locais, como o governador do Pará, Simão Jatene, o procurador-geral de Justiça, Gilberto Valente Martins, e o presidente do Tribunal de Justiça do Pará, desembargador Ricardo Ferreira Nunes. O objetivo foi apresentar casos denunciados durante a audiência pública e cobrar ações concretas dos poderes locais.

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