O Brasil possui aproximadamente 97 milhões de negros e pardos. Eles representam quase a metade da população brasileira, que corresponde a 191 milhões, de acordo com dados do IBGE (2010). O crescimento populacional expressivo nos últimos anos tem demandado ações de diversos setores para enfrentar o racismo, e é nesse contexto que se insere a Psicologia.
De maneira geral, a temática do racismo passou a ter mais visibilidade após a criação da Secretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em março de 2003, e a adoção das cotas nas universidades por meio da lei 3.708/01.
Já a contribuição do Conselho Federal de Psicologia (CFP) para o tema surgiu em 2002, com a Resolução nº 18, que estabelece normas de atuação para psicólogas e psicólogos em relação ao preconceito de discriminação racial. O documento completará 12 anos em novembro sua elaboração deu um novo tom às discussões sobre o tema.
A ampliação da temática do racismo entre a categoria é necessária principalmente por ser um assunto que se manifesta de maneira velada na fala do psicólogo (a), revestida na fala científica, criando um discurso de que a discriminação tem a ver com a autoestima da pessoa.
A Resolução 18/2002 será discutida no II Encontro Nacional de Psicólogas (os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) das Relações Raciais e Subjetividades (II Psinep), que será realizado de 1º a 3 de maio, em Recife (PE), e conta com o apoio do CFP.
Na oportunidade serão feitas sugestões ao instrumento, além de promover a aproximação da categoria com o tema. A expectativa da Comissão Organizadora do evento é que as propostas direcionem o compromisso da categoria para o cuidado ao lidar com a prática profissional e o sofrimento psíquico originado da humilhação social, fruto de relações raciais desiguais provocadas pelo racismo.
Direitos Humanos
O enfrentamento ao racismo será um dos eixos de ação da Comissão Nacional de Direitos Humanos da autarquia (CNDH/CFP) até 2016. O anúncio foi feito durante a posse da coordenadora da CNDH, Vera Paiva, em 3 de abril, que enfatizou a negligência do governo em relação aos direitos das pessoas não-brancas.
“Há dificuldade em reconhecer o racismo, mas é só olhar as favelas, os internos da Febem e a cor dos ‘rolezinhos’, todos com episódios horríveis que lembram a tortura”, disse. A comissão auxiliará a categoria a lidar com questões raciais, como a questão das cotas para negros em universidades e concursos, além do racismo institucional.