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01/08/2016 - 17:00

CFP participa da Conferência da Associação Internacional de Psicologia Escolar

Maria Cláudia Oliveira, da Comissão Nacional de Psicologia na Educação, debateu temas como os desafios do sistema educacional diante da desigualdade

CFP participa da Conferência da Associação Internacional de Psicologia Escolar

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) participou da 38ª Conferência Anual da Associação Internacional de Psicologia Escolar (Ispa, na sigla em inglês), em Amsterdam, Holanda. A autarquia foi representada pela psicóloga Maria Cláudia Oliveira, da Comissão Nacional de Psicologia na Educação (PsinaEd).

Ela conta que, no contexto da presença massiva de refugiados na Europa, um dos desafios abordados foi o da Educação frente à diferença radical. “Diante de situações como essa, uma das tendências tem sido a aposta no desenvolvimento de instrumentos e técnicas de Psicologia mais universais, que respeitem as diferenças culturais, sensíveis a diferentes culturas”, explica.

“O Brasil tem muito a contribuir com esse debate, uma vez que, embora a questão dos refugiados não tenha o mesmo peso que lá, nosso sistema educacional lida com grande heterogeneidade, em função das desigualdades e da diversidade”, acrescenta a psicóloga. Ela participou de mesa-redonda sobre iniciativas e parcerias internacionais para a pesquisa colaborativa, integrando-se em um projeto em elaboração no âmbito do atendimento educacional às famílias refugiadas.

Com 750 participantes de 55 países, a 38ª Conferência teve como tema “Psicologia Escolar 3.0: um mundo de conexões”, desdobrado na frase “School psychologists as communicators, collaborators, organizers and mental health advocates” (em tradução livre, “Psicólogos escolares como comunicadores, colaboradores, organizadores e defensores da saúde mental”). O evento se encerrou no dia 23.

“Uma tônica foi nossa atuação na promoção de qualidade de vida e saúde mental – não apenas identificando problemas de aprendizagem, mas construindo relações que previnam os problemas e favoreçam o sucesso acadêmico”, diz Oliveira.

Expansão

A psicóloga, que leciona na Universidade de Brasília (UnB), participou de várias sessões de conferências e comunicação oral e apresentou trabalho sobre o desafio de expandir a atuação da Psicologia Escolar para ambientes educativos além das escolas. Na explanação, ela explorou o potencial do paradigma da promoção e da prevenção psicológica no aprimoramento das metodologias de trabalho de psicólogas (os) no contexto jurídico.

Apesar de a Justiça Juvenil ser legalmente regida pela doutrina da proteção integral e de se caracterizar como espaço pedagógico e de desenvolvimento humano, suas práticas, no Brasil, padecem de concepções preconceituosas e punitivas, comenta Oliveira. “A Psicologia Escolar tem uma contribuição importante a prestar à socioeducação, ao refletir criticamente sobre concepções e práticas, aprimorando os modelos de atendimento ao adolescente”, pontua.

A representante do CFP também participou de dois encontros de grupo interativo, modalidade de atividade realizada com o objetivo de possibilitar o diálogo e a troca de experiências entre estudantes de Psicologia, profissionais e pesquisadores de diferentes países. Foram realizados 19 grupos, em simultâneo, com o objetivo de socializar práticas, questões e impasses da atuação profissional.

Formação

Maria Cláudia Oliveira integrou, ainda, reunião de um novo grupo de interesse constituído no evento, que discutiu sobre a formação na área. O foco do debate foi a necessidade e a viabilidade de propor diretrizes gerais comuns para a formação e supervisão da ênfase em Psicologia Escolar, no contexto internacional.

“A criação da PsinaEd, no ano passado, ampliou muito a visibilidade desse campo no país”, avalia. “Mas seria interessante aumentar a presença brasileira em discussões internacionais, como a conferência de 2017 da Ispa, na Inglaterra.”

Fotos: Divulgação/Ispa