Como a tecnologia pode ser uma aliada para promoção de saúde mental e bem-estar on-line? O Conselho Federal de Psicologia (CFP) foi convidado a participar, junto com outros especialistas, de debate realizado pela Organização Não Governamental (ONG) Safernet Brasil, no dia 14 de junho, em São Paulo, para discutir essa e outras questões, como a prevenção ao suicídio, transtornos alimentares, dependência ao uso de tecnologia, perigos na internet, navegação segura. O CFP foi representado pela conselheira Rosane Granzotto.
O debate contou com a presença de representantes da Sociedade Brasileira de Pediatria, laboratórios especializados em transtornos alimentares, do Ministério da Saúde, psicólogas(os) e organizações especializadas em uso consciente da Internet, além de representantes das redes sociais Facebook, Instagram e Google, que expuseram suas iniciativas já realizadas para cuidar do bem estar das(os) usuárias(os).
Segundo o psicólogo, pesquisador da UFBA e diretor de Educação da Safernet, Rodrigo Nejm, o objetivo do encontro foi discutir como a tecnologia pode ser uma aliada para promoção de saúde mental e bem-estar on-line. “Acreditamos que a presença do CFP foi indispensável para que o debate contemple o olhar plural sobre os riscos e oportunidades que as tecnologias digitais apontam”, ressaltou.
Atenção à Resolução 11/2018
A conselheira Rosane Granzotto explicou que havia uma expectativa positiva sobre a participação do CFP, tanto no sentido da contribuição no objetivo proposto quanto na divulgação destas ações conjuntas. “É um espaço importantíssimo, levando-se em consideração a importância das tecnologias na vida contemporânea, nas relações, na busca de informações e visibilidade pessoal e institucional. O CFP acompanha este movimento principalmente a partir da Resolução CFP 11/2018, que regulamenta os Serviços Psicológicos prestados por meio de Tecnologia de Informação e Comunicação. Nossa participação foi de suma importância”, destacou.
A Resolução 11/2018, que entrou em vigor dia 10 de novembro do ano passado, regulamentou o atendimento psicológico on-line e demais serviços realizados por meios tecnológicos de comunicação a distância. A norma amplia as possibilidades de oferta de serviços de Psicologia mediados por TICs, mantendo as exigências previstas na profissão e vinculando ao cadastro individual e orientação do profissional junto ao Conselho Regional de Psicologia para eventuais apurações em caso de prestação incorretas de serviço. Antes mesmo de entrar em vigor, o CFP realizou um Diálogo Digital para elucidar mais sobre a norma com a categoria, que vivencia como toda a população o crescimento exponencial do uso das tecnologias de informação e comunicação em seu dia a dia e em seus contatos profissionais.
Proximidade entre profissionais
A conselheira do CFP reforçou, ainda, que o debate com a Safernet Brasil foi importantíssimo, primeiro pelo tema e pela preocupação ética com o mundo virtual, tanto pelo uso abusivo e criminoso quanto pelo potencial que este tipo de comunicação pode proporcionar às(aos) suas(seus) usuárias(os) em prevenção, informações e ajuda as pessoas que estejam passando por algum sofrimento psíquico.
“A segunda questão é por buscar entidades e especialistas brasileiros para assessoria, já que são empresas multinacionais e contam com equipes de especialistas do mundo todo. A formação de uma equipe brasileira dará mais proximidade com a nossa realidade social e com as questões vividas em nosso país”, complementa.
O que é a Safernet Brasil?
A SaferNet Brasil é uma associação civil de direito privado, com atuação nacional, sem fins lucrativos ou econômicos, sem vinculação político partidária, religiosa ou racial. Fundada em 20 de dezembro de 2005, com foco na promoção e defesa dos Direitos Humanos na Internet no Brasil.
Naquela época, era urgente a necessidade de oferecer uma resposta eficiente, consistente e permanente no Brasil para os graves problemas relacionados ao uso indevido da Internet para a prática de crimes e violações contra os Direitos Humanos. Aliciamento, produção e difusão em larga escala de imagens de abuso sexual de crianças e adolescentes, racismo, neonazismo, intolerância religiosa, homofobia, apologia e incitação a crimes contra a vida já eram crimes cibernéticos atentatórios aos Direitos Humanos presentes na rede.