O Conselho Federal de Psicologia (CFP) participou, em 13 de janeiro, do evento de apresentação da Comissão de Psicologia e Relações Raciais (COMPRR), do Conselho Regional da Bahia (CRP-03). Anteriormente ligado à Comissão de Direitos Humanos, o colegiado acaba de ser instituído como comissão permanente, destacando o papel de nossa ciência e profissão frente ao tema.
A conselheira do CFP Alessandra Almeida integrou a mesa “Os diversos racismos que estruturam os Brasis: análises interseccionais”. Durante a atividade, a representante do CFP destacou que a origem da Comissão de Psicologia e Relações Raciais é resultado de um amplo esforço que remonta a 15 anos, com as ações do Grupo de Trabalho Relações Raciais e, posteriormente, do GT Relações de Gênero. Os colegiados traziam como pauta central questões acerca das interseccionalidades, evidenciando como operam os discursos de poder e de opressão e que categorizam as pessoas. “Violências são perpetradas em nome dessas supostas hierarquias”, destacou a conselheira do CFP.
“Evidentemente, quando a gente fala das intersecionalidades, a gente extrapola a questão do sexo, gênero e raça”, explica Alessandra Almedida, ao chamar a atenção para o fato de que as mulheres negras (e as não-brancas) são relegadas a um lugar de inferioridade nas relações sociais. Dessa forma, destaca, é possível perceber a existência de um tipo de sexismo racista que humilha e negligencia, provocando severos efeitos na saúde mental dessas mulheres.
A conselheira também enfatizou a necessidade de decolonizar a Psicologia e, nesse contexto, encontrar e reconhecer todas as singularidades que carrega o povo brasileiro. “Não é possível conceber os impactos da violência sobre a saúde mental das pessoas sem compreender e assumir os condicionantes políticos, econômicos e sociais”, ressaltou.
Mencionando autoras(es) consagradas(os) que abordam o tema – como Geni Nunes, Paula Gonzaga, bell hooks, Aníbal Quijano, Walter Mignolo, entre outras(os) – Alessandra Almeida ressaltou que raça, gênero e trabalho foram as três principais linhas de classificação que constituíram a formação do capitalismo mundial colonial moderno no século XVI, sendo nessas três instâncias o local onde se ordenam as relações de exploração, dominação e conflito.
“É uma tarefa nossa promover outras formas de cuidado onde caibam as nossas subjetividades dentro dessa complexidade que é o nosso país”, pontuou a conselheira.
A íntegra do evento pode ser acessada no YouTube do CRP-BA.
*Foto do card: Conselho Regional de Psicologia – 3ª Região (BA)