Atualizar o estado da arte das pesquisas na área da Psicologia sobre os povos indígenas brasileiros, considerando bases de dados do PePSIC e da SciELO. Esse e outros levantamentos estão no artigo desta semana da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, intitulado “A Psicologia Brasileira e os Povos Indígenas: Atualização do Estado da Arte”, publicado na edição 36.3 do periódico.
As autoras da pesquisa são Eliane Domingues (doutora e docente da Universidade Estadual de Maringá/PR – UEM) e Isabella Tormena Ferraz (discente da Universidade Estadual de Maringá/PR, Bolsista PIBIC/CNPQ – FA-UEM).
O CFP publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um artigo do periódico – cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico e o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para o conjunto da sociedade.
Segundo as autoras, o método de pesquisa envolveu buscar as palavras-chave “indígena” ou “índio” em toda coleção da PePSIC e somente nas revistas de Psicologia da SciELO, encontrando um total de 25 artigos, os quais foram lidos na íntegra e agrupados de acordo com os temas estudados.
A pesquisa concluiu que os artigos encontrados se caracterizavam, por um lado, pela interdisciplinaridade, e por outro, pela falta de um referencial teórico bem definido específico da área da Psicologia. As autoras entendem que a complexidade da temática demanda um olhar interdisciplinar. No entanto, a escassez de referências específicas da Psicologia indica que ainda se tem muito a avançar, possivelmente pela aproximação recente da Psicologia com o estudo da temática e também pela própria constituição desta enquanto ciência pautada principalmente por tradições individualistas, que destoam das tradições indígenas que se baseiam principalmente no coletivismo.
Para abordar um pouco mais sobre esse estudo, a Assessoria de Comunicação do CFP conversou com as duas autoras.
Confira a entrevista
O que as motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema?
Eliane – Eu estava fazendo uma pesquisa sobre identidade brasileira e a Isabella se interessou em participar. Entre os diversos temas que ela poderia pesquisar, ela se interessou em investigar a participação dos indígenas na constituição desta identidade. No entanto, nossa intenção era destacar o olhar da Psicologia e nos demos conta de que desconhecíamos o que a Psicologia tinha produzido sobre a questão indígena e mudamos o objetivo da pesquisa para este levantamento. Até então, nós nunca tínhamos pesquisado ou estudado nada sobre a temática.
Isabella – O meu interesse pela pesquisa se deu, de início, por perceber que, ainda que estivessem tão presentes em nosso convívio social – em especial aqueles grupos de indígenas que estão nas grandes cidades vendendo artesanatos ou buscando trabalho – pouco se falava ou pensava sobre eles. Considerando que esta é uma das populações que deram origem ao que hoje podemos dizer que é o brasileiro, a invisibilidade e ausência de informações sobre o tema me chamaram a atenção.
Quais os resultados que você destaca desse levantamento?
Eliane/ Isabella – O que mais nos chamou a atenção neste levantamento das produções da Psicologia sobre a questão indígena (embora não tenhamos feito um levamento exaustivo, mas que serve como um exemplo do que vem sendo produzido) foi a ausência nos artigos de um referencial teórico bem definido na área da Psicologia. Esta ausência já tinha sido identificada em uma pesquisa anterior de Vitale e Grubits (2009). Isto não é uma crítica aos artigos ou aos autores, mas à própria Psicologia que muito precisa avançar no que diz respeito ao estudo sobre povos indígenas.
Na sua opinião, qual o caminho para aproximar a pesquisa da Psicologia do contexto indígena, considerando a própria constituição da Psicologia enquanto ciência pautada principalmente por tradições individualistas, que destoam das tradições indígenas baseadas principalmente no coletivismo?
Eliane / Isabella – Pensamos que o caminho para aproximar a pesquisa da Psicologia do contexto indígena é a escuta destes povos, como nos diz Paulo Maldos, no livro organizado pelo CRP-SP “Psicologia e povos indígenas”. Temos muito a aprender com indígenas, mas também com outras disciplinas, como a Antropologia, que já tem todo um conhecimento acumulado acerca do tema e que pode servir de auxílio e de ponto de partida nos estudos da Psicologia.
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