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23/09/2016 - 15:10

Controle organizacional e subjetividade no contemporâneo

Toda semana um novo artigo da edição 36.2 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão é publicado. Confira o desta sexta

Controle organizacional e subjetividade no contemporâneo

Novas Modulações do Controle Organizacional: um Estudo de Caso é mais um artigo da edição 36.2 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, publicado nesta semana pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). O periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO, tem toda semana um texto publicado no site do CFP e nas redes sociais.  O Conselho intensifica a busca pelo conhecimento científico a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade.

De acordo com o resumo, “o poder nas organizações não se manifesta apenas por vias coercitivas na atualidade. Ele atua por meio de dispositivos de poder, nos quais são incluídos os métodos disciplinares, que operam diretamente na subjetividade do sujeito”. Desta forma, o objetivo do artigo foi explicitar parte dos resultados de uma pesquisa sobre controle organizacional e subjetividade no contemporâneo, cuja amostra total foi de 30 pessoas, em que se investigou a lógica pós-disciplinar presente nos mecanismos de controle organizacional por meio da problematização do nexo entre tecnologia e subjetivação.

Utilizando uma mulher funcionária de uma instituição transnacional como estudo de caso, os resultados apontaram que a lógica vigente da organização do trabalho obriga que o trabalhador assuma para si as flutuações da demanda, bem como a responsabilidade dos resultados. Dessa forma, há indicativos de que as novas formas de organização do trabalho possibilitam a autorresponsabilização do sujeito.

A Assessoria de Comunicação do CFP entrevistou Cláudia Maria Perrone, doutora em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) e professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria (RS) e uma das autoras do artigo.

As demais são Anelise Schaurich dos Santos (doutoranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos -PPGP/UNISINOS -, bolsista CAPES/PROSUP, São Leopoldo – RS), Gênesis Marimar Rodrigues Sobrosa (Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – PPGP/UNISINOS -, bolsista CAPES/PROSUP, Professora dos cursos de Administração, Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos e Pedagogia da Faculdade Murialdo – FAMUR -, Caxias do Sul – RS) e Lize Maria Cardoso Calvano (Mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria – PPGP/UFSM-, Santa Maria – RS.).

Confira a entrevista: 

O que as motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema? 

Há uma ampla discussão teórica sobre o sujeito neoliberal, que se unifica como o sujeito “empreendedor “, o “empresário de si mesmo”, em busca do máximo de rendimento e de competência. Ao contrário do sujeito clássico voltado para o “cuidado de si”, que sabe proteger-se dos excessos, o empresário de si mesmo busca a melhor adaptação ou uma alienação modulada, suportável, almejando o excesso, o rendimento e a competência ilimitada. Queríamos dar corpo e voz para o sujeito neoliberal.

Quais os resultados que você destaca desse levantamento? 

O resultado a ser destacado é o caráter paradoxal da subjetividade neoliberal. As técnicas de gestão, os dispositivos de avaliação, os conselheiros e as estratégias de vida de vida que compõem o gozo da rentabilidade e da competência ilimitada é o dispositivo mesmo de governo que produz o desconhecimento de si e apresenta a sua contraface de depressão, pânico, “corrosão do caráter” e precarização.

Na sua opinião, até que ponto o processo de “autorresponsabilização do sujeito” pode impactar as relações de trabalho? 

Há um aumento de produtividade, sem dúvida alguma. Mas há também a hiper individualização que localiza o sujeito no limiar do fracasso, sem conseguir uma estabelecer uma distância simbólica para elaboração de um outro lugar que não seja a exaustação de si.

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.