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30/04/2018 - 14:23

Debates marcados pela manutenção de direitos

Cerca de 400 pessoas participam do VIII Seminário Nacional de Psicologia e Direitos Humanos

Debates marcados pela manutenção de direitos

“Nenhum direito a menos significa a construção dos nossos direitos. Cada vez que tentam tirar nossos direitos, lutamos, debatemos e inventamos novos direitos”. Assim o presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Rogério Giannini, abriu o VIII Seminário Nacional Psicologia e Direitos Humanos, dia 27, na Escola Parque 308 Sul, em Brasília. Palestrantes, debatedores e a plateia mostraram preocupação com a crescente intolerância no Brasil. Apontaram, ainda, alternativas para superar o momento político brasileiro.

A apresentação do artista Erick Barbi foi seguida da abertura oficial, feita por Rogério Giannini, Pedro Paulo Bicalho, da diretoria do CFP, Jesus Moura, representante da Comissão de Direitos Humanos (CDH), e Givânia Maria da Silva, educadora quilombola. Giannini destacou o momento de reafirmar a Psicologia como profissão de resistência. “A Psicologia não será colocada à serviço da dominação, a serviço da perda de direitos, do domínio dos corpos e das mentes.”

Pedro Paulo Bicalho apontou que a comemoração dos 20 anos da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia ocorreu no mesmo ano dos 55 anos da regulamentação da profissão. “A história da Psicologia no Brasil é majoritariamente marcada pela dissociação entre práticas psicológicas e promoção do compromisso social. Que a defesa dos Direitos Humanos nunca seja algo estranho ao exercício profissional para profissionais da Psicologia.”

Jesus Moura destacou que a questão dos Direitos Humanos demarca um tempo que não conseguíamos entender o respeito e o cuidado à pessoa humana.

Givânia chamou a categoria para questionar os valores pautados pela classe dominante e se mostrou preocupada com o racismo estruturante do fascismo. “Enquanto considerarmos que a parte Sul é um pouco melhor que a parte Norte e Nordeste do país estaremos doentes e a Psicologia é fundamental para combater essa doença.”

Cecília Coimbra

A primeira coordenadora do CDH/CFP, Cecília Maria Bouças Coimbra, foi também homenageada. Recebe das mãos de Giannini uma placa por sua história no colegiado. Coimbra lembrou, em seguida, de Marcus Vinicius de Oliveira, alertando que seu assassinato ainda não foi solucionado. “Psicologia e política não estão separadas. O mito da neutralidade ainda está muito presente em nosso cotidiano, mas fazemos política ao respirarmos.”

Lumena Furtado, por sua vez, homenageou Maria Lúcia Pereira dos Santos, liderança do movimento da população em situação de rua. “Quero render homenagem a alguém que deu visibilidade para os invisíveis”.

Violência

A conferência de abertura foi realizada pelo psicólogo e psicanalista Tales Afonso Muxfeldt Ab´Sáber, que destacou o momento de reafirmação do arcaísmo, e seus efeitos políticos e simbólicos, pelo qual passa o Brasil e o mundo.

“Nesse cenário, temos não apenas as dificuldades tradicionais de sustentar o trabalho da Psicologia e dos direitos humanos no mundo, mas estamos em uma situação pior, com um movimento se produzindo que tem escala e dimensão, que produz efeitos políticos e simbólicos, e que se aproxima de novas modalidades de fascismo”. E enfatizou que a escalada da violência tem produzido políticos e discursos de ordem fascista.

Para Ab´Sáber, profissionais da Psicologia precisam ter consciência da “máquina do mundo, e ter uma imaginação elaborativa, transformadora”, levando em conta as experiências éticas e científicas, para uma atuação que transpasse o indivíduo e aborde o coletivo, a sociedade, o todo, na construção de espaços de intervenção social e política.

Assista aqui: