Notícias

08/03/2016 - 11:34

Dia Internacional da Mulher: um dia de luta para a categoria

A RádioPSI preparou um especial para abordar temas que são prioritários no debate sobre Psicologia e mulheres. Acompanhe!

Dia Internacional da Mulher: um dia de luta para a categoria

Uma data para destacar e reafirmar uma luta que é cotidiana pelos direitos das mulheres: assim o Conselho Federal de Psicologia (CFP) trata o 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Neste ano, pretende dar destaque a questões ligadas à saúde sexual e reprodutiva dessas mulheres, políticas públicas e o papel da Psicologia nesse contexto. A RádioPSI preparou um especial para abordar temas que são prioritários no debate sobre Psicologia e mulheres.  Acompanhe, durante esta terça-feira (8), nos horários do CFP News.

O ano de 2016 começou com novos temas e desafios no debate referente às mulheres.  O Congresso Nacional segue com sua ofensiva conservadora, por meio de projetos que visam criminalizar as mulheres e retirar direitos. Enquanto o Congresso, majoritariamente composto por homens, quer interferir no avanço de projetos que garantam os direitos das mulheres, o cenário de desigualdade delas perante os homens se perpetua. As mulheres ocupam menos de 10% das cadeiras no Congresso Nacional, e no mercado de trabalho os rendimentos são em média 17,7% menores que os dos homens.

O cenário de desigualdade também estimula a violência. Dados do Mapa da Violência divulgado em 2015 mostram que o Brasil é um dos cinco países do mundo onde a violência contra a mulher é maior. Em 2013, foram 4.762 mulheres assassinadas – 13 mulheres assassinadas por dia, em média, no país (uma a cada duas horas) – sendo que as mais desprotegidas são as mais pobres e negras. As psicólogas também engrossam as estatísticas de desigualdades e violência, recebendo menores salários, sofrendo com assédio moral e sexual em seus ambientes de trabalho e enfrentando jornadas exaustivas (que incluem o trabalho doméstico), o que pode acarretar em dificuldades de investimento na formação e em outros prejuízos de ordem emocional e econômica, por exemplo.

A mestre em Psicologia e especialista em psicologia clínica Dorotea Cristo destaca que a data muitas vezes é distorcida e utilizada pelo mercado para ignorar a luta das mulheres pela garantia de direitos.

“A minha preocupação com o 8 de março é que nós estamos  em um momento político de ameaça a uma série de direitos, inclusive que nós, pelos menos achávamos, que já tínhamos garantido. É uma data que nós sabemos que muitas vezes ela é distorcida, capturada pelo sistema e transformada em produto mercadológico, enfim, para vender. E sabemos que o sistema dissolve essa luta em nome  de uma mídia que pretende mesmo desaparecer com esse movimento. O presente que nós  queremos é a garantia de nossos direitos. E principalmente voltados para os direitos sexuais reprodutivos, que estão sendo ameaçados por esses projetos de lei. E é o nosso papel, da Psicologia, é de  se posicionar nesses espaços e contribuir para o empoderamento dessas mulheres”.

Em recente votação de uma MP na Câmara dos Deputados, os parlamentares retiraram o termo “incorporação da perspectiva de gênero” do âmbito das atribuições do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos. Para Madge Porto, integrante do XVI plenário do Conselho Federal de Psicologia (CFP), esse é um claro retrocesso na luta pelos direitos das mulheres.

“Nós, do XVI plenário do CFP. entendemos que o dia 8 de março é um dia de luta. Esse ano vamos focar na discussão da saúde das mulheres com destaque para a saúde sexual e reprodutiva, principalmente um ano que já iniciou com retrocessos em nossos direitos, como a retirada da expressão ‘perspectiva de gênero’ da base das ações do recém-criado Ministério das Mulheres. A perspectiva teórica, a possibilidade de construir políticas onde se pesasse que as diferenças entre homens e mulheres são construções sociais e culturais, foi retirada. E como construir igualdade nesse contexto? Ao mesmo tempo, é ano de Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, e que  o tema deste ano é “Mais direitos , participação  e poder para as mulheres”. Essa será uma oportunidade de mostrar nossa força. O 8 de março é para debatermos sobre essas questões,  pois não adianta receber flores e ter os direitos conquistados com luta ignorados, limitados e desrespeitados”

Confira esta e outras matérias do especial 8 de março – Dia Internacional da Mulher – da RádioPSI  nesta terça-feira, durante os horários do CFP News.