Resultado de contrato firmado em 21 de março de 2016 entre o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), foi entregue, nesta semana, o relatório final do “Levantamento de informações sobre a inserção dos psicólogos no mercado de trabalho brasileiro”.
O documento pretendeu analisar as características dos psicólogos e psicólogas ocupados no Brasil e a forma como se inserem no mercado de trabalho, a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As informações obtidas possibilitaram identificar várias características (entre pessoais, educacionais e familiares) de psicólogos e psicólogas que se encontravam ocupados em 2014, além de apresentar informações sobre o conjunto de ocupados com ensino superior completo – de modo a fornecer uma base de comparação entre a situação dos psicólogos e a dos demais profissionais com o mesmo grau de formação.
Os dados gerais apontam que, entre os entrevistados, a maioria da categoria é feminina, há maior proporção de trabalhadores por “conta própria”, maior representatividade do Sudeste e menor proporção de negros. Os setores de atividade que mais concentram psicólogos e psicólogas são a administração pública, a educação e serviços sociais.
Uma profissão de mulheres
No capítulo 1, apresentam-se as características por região de residência, idade, sexo, raça e cor, sempre comparadas às dos ocupados em geral com ensino superior. Do total dos psicólogos e psicólogas ocupados no Brasil, a imensa maioria (90,0%) entrevistada era feminina.
Entre os (as) profissionais com carteira, 94,4% são mulheres; entre os sem carteira, 87,3%; entre os funcionários públicos estatutários, 85,9%; entre os que trabalham por conta própria, 90,7%; e entre os empregadores, 86,9%. Segundo o relatório, essas proporções são “expressivamente mais elevadas que as relativas à participação feminina em todas as formas de inserção dos demais profissionais com nível superior”.
De acordo com o estudo, feito por amostragem, a estimativa do número de psicólogos e psicólogas ocupados no Brasil, em 2014, equivalia a 146.721, sendo mais de 90 mil na região Sudeste. Na região Sul, estimava-se a presença de 26.366 profissionais em atividade. As três demais regiões respondiam por menos de 30 mil psicólogos.
Quanto à raça/cor, 16,5% dos psicólogos(as) eram negros ou negras, o que corresponde a 24.162 pessoas; entre os ocupados com ensino superior, esse percentual é bem mais elevado (30,5%).
A pesquisa aponta que a grande maioria da categoria (90,5%) tinha como grau mais elevado o ensino superior – eram quase 133 mil psicólogos (as) nessa situação. Além disso, quase 14 mil profissionais da Psicologia ingressaram em algum curso de pós-graduação.
Rendimento maior que a média
No segundo capítulo, foram caracterizadas as condições socioeconômicas da categoria, como situação de domicílio, posição na família, acesso a bens e serviços e rendimento domiciliar. Naquele ano, em média, um(a) psicólogo(a) no Brasil tinha um rendimento domiciliar de R$ 10.795 por mês, valor 24,4% superior ao rendimento total dos ocupados com ensino superior. No Nordeste, a renda domiciliar dos(as) psicólogos(as) atingia R$ 11.815, 66,1% superior ao do total de ocupados com ensino superior (R$ 7.113).
Autônomos (as) são maioria
A terceira parte da pesquisa investiga a inserção desses e dessas profissionais no mercado de trabalho por meio do exame de informações referentes à forma como se inserem (assalariados, funcionários públicos ou trabalhadores por conta própria), ao número de trabalhos que realizam, aos setores de atividade onde atuam e à jornada semanal que costumam praticar.
A distribuição dos (as) psicólogos (as) segundo posição na ocupação revela que 42,0% atuavam na condição de “conta própria”, ou seja, dos quase 147 mil profissionais mapeados, quase 62 mil tinham tal tipo de inserção. Também se observa que pouco menos de um quarto trabalhava na condição de assalariado com carteira de trabalho assinada e outros 20,8% como funcionários públicos estatutários. Os empregados sem carteira de trabalho assinada representavam 8,9% do total de psicólogos, e os empregadores, 5,8%.
A atuação prioritária é nas atividades de educação, saúde e serviços sociais: quase 110 mil psicólogos ou 74,8% deles encontram-se ocupados nessa atividade. Em segundo lugar, com mais de 26 mil pessoas, está a administração pública, que representa 18,0% do total.
Jornada
Mais da metade dos(as) psicólogos (as) (55,2%) entrevistados trabalhavam até 39 horas semanais, sendo que 24,6% tinham jornada de até 20 horas semanais; 23,7%, de 21 a 30 horas; e 6,9% de 31 a 39 horas.
Diferenças
Finalmente, o estudo apresenta cruzamentos específicos segundo posição na ocupação e demais variáveis, como região de moradia, sexo, raça/cor, setor de atividade.
Quando a pesquisa foi feita, os (as) psicólogos (as) negros (as) ocupados (as) recebiam, em média, menos que os (as) não negros. Um (a) psicólogo (a) negro (a), em média, recebia R$ 2.921, valor que corresponde aproximadamente a 83% do que um (a) não negro (a) (R$ 3.514). Quanto à remuneração por tipo de atuação, eram os que trabalhavam por “conta própria” que recebiam valores superiores (R$ 3.772) aos auferidos pelos que atuam como funcionários públicos estatutários (R$ 3.246), empregados com carteira (R$ 3.214) e sem carteira (R$ 2.452).
Metodologia
Por ser amostral, os resultados da Pnad podem, em princípio, ser extrapolados para Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação e nove Regiões Metropolitanas (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre), não estando garantida a representatividade da amostra para níveis geográficos menores (município, distrito e setor) e demais regiões metropolitanas.
Confira o relatório: Relatório final – Projeto 2 (1)