
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou, nos dias 30 e 31, o Encontro Nacional das Comissões de Riscos, Emergências e Desastres. O evento reuniu psicólogas(os) pesquisadoras(es), lideranças comunitárias e representantes da sociedade civil para promover troca de experiências e fortalecer práticas psicológicas diante de contextos adversos.
Além do compartilhamento de experiências entre os Conselhos Regionais, o encontro organizou a redação de um protocolo nacional de ações do sistema conselhos para a gestão integral de riscos e desastres.
Na abertura do encontro, o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, pontuou que a sociedade passa por momentos de incertezas e de mudanças cada vez mais abruptas. Para ele, as emergências climáticas não são mais um horizonte distante, pois já compõem o cotidiano de milhares de pessoas.
“Este encontro nacional é um espaço que representa de maneira concreta o compromisso da Psicologia brasileira com a defesa intransigente dos direitos humanos, com a proteção integral das populações em vulnerabilidade e com a construção de respostas éticas, críticas e solidárias diante desses desafios que marcam o nosso tempo”, pontuou.
Alessandra Almeida, vice-presidente do CFP, pontuou que o propósito do evento foi promover a escuta sensível, a partilha de experiências e o fortalecimento de diretrizes comuns para uma atuação ética, crítica e transformadora.
“A sociedade vive tempos marcados por incertezas, intensificação de eventos extremos e múltiplas vulnerabilidades que desafiam não apenas os sistemas de proteção social, mas também as formas de atuação da Psicologia frente às emergências e desastres”, apontou.
Troca de experiências
As mesas de diálogo abordaram temas centrais como a comunicação de riscos, a formulação de políticas públicas, a ética e a interseccionalidade na participação social e os avanços em saúde mental comunitária e apoio psicossocial.
O primeiro diálogo do dia teve como tema “Comunicação de Riscos e Educação para a Mudança de Cultura”. A mediação foi da conselheira do CRP/BA, Catiana Nogueira dos Santos, com apresentações de Cora Gaete Quinteiros (USP), Sheila Câmara (UFCSPA) e Mercinor Simon (presidente da Associação dos imigrantes haitianos do Vale Taquari/RS).
A segunda mesa abordou o assunto “Desastres e Políticas Públicas: Dimensionando a Proteção Integral”, Maria Luiza Diello (CRP/RS), na mediação, e as(os) debatedoras(es) Daniela Lopes (UFF), Ariel Pontes (Diretora de Pesquisa do Instituto Todos Juntos Ninguém Sozinho) e Marciel Henrique Rego Viana (Conselho Municipal de Meio Ambiente de Barreiras).
“Participação Social, Interseccionalidade e Ética em Psicologia de Emergências e Desastres” foi o tema do diálogo mediado pela conselheira Carolina Roseiro, com a participação da conselheira Nita Tuxá e de Pamela Mércia (Instituto TJNS), Adriana Eiko (UNIFESP) e Rodrigo Paiva Soares (Comitê Chico Mendes).
Na sequência, foi realizado o diálogo “Energia que Move, Silêncio que Fere: Os Custos
Psicológicos do Vento”, com Raquel Diniz e Leandro Durazzo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
No segundo dia, foi realizada uma atividade interna voltada às representações dos Conselhos Regionais e do CFP para a troca de informações sobre as realidades e demandas regionais. Também foi para a redação, de maneira articulada, um protocolo nacional de ações do Sistema Conselhos para a Gestão Integral de Riscos e Desastres.
Cartilha com orientações
O encontro nacional também marcou o lançamento de uma cartilha com diretrizes sobre saúde mental e apoio psicossocial comunitário no contexto da reparação de danos extrapatrimoniais. O documento foi produzido pelo CFP em conjunto com o Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS).
A cartilha foi elaborada a partir das experiências com o desastre socioambiental causado pela atividade mineradora em Maceió. O propósito do material é subsidiar a atuação de psicólogas(os) em Organizações da Sociedade Civil (OSCs), coletivos e lideranças locais na reparação de danos morais coletivos.