Devido ao interesse despertado na categoria para debater o tema suicídio e para ajudar a construir referências para a intervenção das (os) psicólogas (os) na área, o Conselho Federal de Psicologia realizou no dia 21 de agosto, o segundo debate online que tratou do luto dos sobreviventes. Ao longo da transmissão, foram alcançados 3017 pontos conectados e mais de 80 perguntas recebidas.
A doutora em Psicologia, Lúcia Cecília da Silva, professora adjunta da Universidade Estadual de Maringá, trouxe dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que apontam que para cada suicídio, de cinco a 10 pessoas sofrem graves consequências psicológicas, sociais, econômicas e emocionais advindas do ato. “Nos vários contextos da vida cotidiana vamos encontrar vidas abaladas em função desse fenômeno que vem aumentando em nossa sociedade”, disse.
Segundo a psicóloga, lidar com o luto da família já é uma forma de prevenir o suicídio. “É sabido que os jovens, os adolescentes e as crianças são muito mais suscetíveis ao suicídio cometido por alguém próximo a ela. Lidar, acolher, trabalhar com esse luto da família é muito importante para prevenção”, ressaltou.
Para o doutor em Psicologia Clínica, Marcelo Tavares, professor adjunto da Universidade de Brasília (UnB), o suicídio não é um evento singular, que ocorre repentinamente. “É resultado de anos de sofrimento, em geral, pessoas que cometem suicídio já tentaram outras vezes. Aquilo que emerge como tentativa, é um indicador de um sintoma muito maior, um grito de socorro”, apontou.
Ao falar da experiência do profissional que lida com os sobreviventes, ele citou os desafios impostos na atuação com o fenômeno e ressaltou a importância de se colocar no lugar dos sobreviventes para elaborar a situação vivida por eles e ter condição de ajuda-los. “A nossa profissão é toda dirigida para as noções de ajudar, de cuidado e de dar apoio a quem busca ajuda. Quando alguém busca a nossa atenção profissional, a partir de uma tentativa de suicídio, isso pode evocar sentimentos bastante contraditórios”, contou.
O médico etnopsiquiatra Carlos Coloma falou sobre a questão do suicídio nas populações indígenas. Coloma destacou em sua fala a incidência do fenômeno na população Guarani-Kaiowá, que apresenta altas taxas de morte por suicídio.
De acordo com o médico, para entender a alta mortalidade em decorrência do fenômeno é preciso levar em conta as especificidades da cultura e o tipo de sociedade construída por eles. “Na população indígena o suicídio já é um modelo de morrer”, explicou. Além disso, Coloma destacou a importância de uma intervenção rápida no caso de um episódio de suicídio para evitar que novos aconteçam em série.
O debate fez parte da agenda de eventos comemorativos ao dia da (o) psicóloga (o). O vídeo será disponibilizado em breve no canal do youtube do CFP. A interação em tempo real no facebook resultou em 152 compartilhamentos e alcançou 100.968 visualizações.
O CFP está preparando uma publicação com a transcrição dos dois debates sobre o tema, que deve servir de referência para a atuação da categoria na área.
Assista ao debate na íntegra. A edição editada será disponibilizada em breve.