Valquíria Rédua da Silva

VALQUIRIA06A psicóloga Valquíria  Rédua da Silva, que trabalha no Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJ-MS), conta para o “Fala, Psicólog@” como é seu cotidiano à frente do projeto “Justiça Restaurativa”.

O programa, instituído pelo Acordo de Cooperação Técnica Nº 1/2012, firmado entre a Secretaria de Estado de Educação do Governo daquele estado e o Tribunal de Justiça, visa atender as escolas da rede pública estadual e tem por finalidade a resolução e a prevenção de conflitos no âmbito escolar, com um plano de ação que busca restaurar laços sociais, compensar danos, desenvolver habilidades emocionais e gerar compromissos para um futuro mais harmônico. Seus valores se fundamentam na honestidade, respeito, humildade, responsabilidade, esperança, empoderamento e interconexão.

Nessa entrevista à equipe da Assessoria de Comunicação (Ascom) do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Valquíria aborda as rotinas, dificuldades e o prazer em realizar essa atividade. A equipe do programa é formada por três psicólogas e uma advogada.

Qual é sua área de atuação dentro da Psicologia?  

Psicologia Jurídica.


Como é sua rotina de trabalho?

Diariamente visitamos as escolas estaduais que atendemos no projeto, lá são encaminhados os casos para atendimento e, em um local adequado disponibilizado pela escola, realizamos os atendimentos de resolução de conflitos, e quando necessário fazemos as intervenções e encaminhamentos pertinentes aos casos. Esses casos são acompanhados até que cesse o conflito. Os familiares são atendidos também se necessário.

O que você considera mais positivo em relação ao seu cotidiano de trabalho?

É a oportunidade de auxiliar os alunos a compreender as relações sociais de uma forma pacifica e educativa e auxiliá-los no desenvolvimento da educação emocional.

VALQUIRIA03Quais as limitações que você encontra no seu cotidiano de trabalho?

Trabalhamos com os princípios da cultura da Paz e com a ótica restaurativa para resolução de conflitos. Sendo assim,  enfrentamos dificuldade nas escolas para com esse novo olhar, a cultura da escola, bem como na grande maioria da sociedade, é uma cultura punitiva, tradicionalmente a sociedade lida com o conflito de uma forma punitiva. Basicamente, desenvolver  essa mudança de paradigma é nossa principal limitação.

 Saiba mais: 

Justiça Restaurativa na Escola 

VALQUIRIA05A Justiça Restaurativa é um novo modelo de justiça, é uma alternativa que amplia a ação a partir da perspectiva vítima e da consideração do sofrimento ocasionado pela violência. Sua finalidade é desenvolver o consenso entre os membros da comunidade, escola, vítima, ofensores e demais envolvidos. Busca-se a retratação do ofensor e o compartilhamento da responsabilidade entre todas as partes para lidar com as situações de forma criativa, educativa e construtiva, caminhando no sentido de cooperação, restauração de valores morais,restauração emocional, dignidade das pessoas e igualdade social. Com base nos pressupostos da Justiça Restaurativa, buscamos a articulação entre Justiça, Escola e Comunidade, tendo em vista a criação de uma cultura de paz, orientando professores, pais, alunos e membros da comunidade das escolas envolvidas.

O projeto Justiça Restaurativa na Escola – JRE, foi instituído pelo acordo de cooperação técnica Nº 1/2012, firmado entre a Secretaria de Estado de Educação e o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul,  para atender as escolas da rede pública estadual e tem por finalidade a resolução e a prevenção de conflitos no âmbito escolar, com um plano de ação que busca restaurar laços sociais, compensar danos, desenvolver habilidades emocionais e gerar compromissos para um futuro mais harmônico. Seus valores se fundamentam na honestidade, respeito, humildade, responsabilidade, esperança, empoderamento e interconexão. Entre as principais atividades realizadas pelo projeto estão:

REALIZAÇÃO DOS CÍRCULOS DE DIÁLOGO: Trabalhar com os alunos questões relacionadas à violência na escola, buscando compreender a visão dos mesmos sobre o tema, esclarecer dúvidas, prestar orientações, informar seus direitos e deveres, além das consequências de atos violentos e as maneiras com as quais podemos lidar com os problemas utilizando de ferramentas de construção de práticas e valores de paz. O círculo de diálogo busca também trabalhar com as necessidades apontadas pela escola e pelos alunos. Os círculos serão realizados por turmas, com duração de uma hora/aula.

REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS RESTAURATIVOS: Os procedimentos restaurativos são todos os atendimentos de resolução de conflitos realizados individualmente ou em grupo, neles estão inclusos os pré-círculos, círculos restaurativos, pós-círculos, círculos de compreensão, círculos narrativos, círculos de apoio, círculos de reintegração e também orientações. Muitos casos são resolvidos com uma orientação para os alunos ou um círculo de compreensão onde os envolvidos têm a oportunidade de escutar, se explicar e entender o ponto de vista dos outros.

PALESTRAS: Com o objetivo de orientar, conscientizar e oferecer instrumentos aos pais e responsáveis, a comunidade escolar e aos alunos da Rede Estadual de Ensino, a fim de que possam cooperar na criação de um ambiente seguro para crianças e adolescentes, bem como fomentar a participação dos mesmos nas atividades escolares e fortalecer os vínculos familiares,  a Justiça Restaurativa na Escola, baseada em valores que norteiam nossa prática,  poderá realizar palestra com diversos temas, de acordo com a necessidade da escola.

FORMAÇÃO DE MULTIPLICADORES: Curso que visa a capacitação de educadores para atuarem como facilitadores na resolução de conflitos que ocorram no âmbito escolar. Foi realizada no dia 21 de março de 2014 I Capacitação de Facilitadores de Práticas Restaurativas nas Escolas, abordando temas como direitos e deveres na relação aluno – escola, adolescentes em conflito com a Lei e a família e a adolescência e suas peculiaridades. Além dos palestrantes, o curso contou com a presença da coordenadora da Infância e da Juventude, Desa. Maria Isabel de Matos Rocha, do juiz da Vara da Infância e da Juventude, Roberto Ferreira Filho e da secretária adjunta da Secretaria de Estado de Educação, Cheila Cristina Vendrami.

VALQUIRIA02CURSO SOBRE JUSTIÇA RESTAURATIVA E CÍRCULOS DE CONSTRUÇÃO DE PAZ: De 16 a 19 de setembro, por meio da Coordenadoria da Infância e da Juventude e apoio da Escola Judicial de MS (EJUD/MS), o Tribunal de Justiça realizou o Círculo de Justiça Restaurativa, uma capacitação para profissionais que trabalham com a área da infância e juventude da Capital. No total, participaram 25 profissionais. O curso foi ministrado pelos instrutores Katiane Boschetti da Silveira e Paulo Henrique Moratelli, para formar facilitadores de Círculos de Justiça Restaurativa para atuar na prevenção e na transformação de conflitos, sensibilizando lideranças para utilização dos processos circulares nos respectivos espaços institucionais, comunitários ou acadêmicos com vistas à transformação de conflitos.

GINCANA PELA PAZ: Uma série de atividades a serem realizadas nas escolas de forma a propiciar aos alunos um maior contato com a cultura de paz, bem como seus valores e grandes nomes relacionados ao tema; de forma lúdica e participativa; composta de provas a serem realizadas em um único período escolar e premiação para a equipe vencedora. No dia 13 de novembro de 2014 foi realizada a primeira Gincana Pela Paz na Escola Estadual Lino Villachá com participação de 103 alunos do sétimo ao nono ano do ensino fundamental. 

Equipe da Justiça Restaurativa em Campo Grande, Mato Grosso do Sul:

Fernanda Oshiro da Silva – Psicóloga

Rosemary Gaúna de Oliveira – Advogada

Tereza Goulart Lima – Psicóloga

Valquiria Rédua da Silva – Psicóloga