Parar de comer para alertar à população dos riscos da reforma da Previdência, caso seja aprovada no Congresso Nacional. Esse é o objetivo da greve de fome feita por três integrantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que já entra no seu nono dia nesta quarta-feira (13). Os grevistas estão mobilizados na Câmara dos Deputados.
“Essa reforma é impopular, inviável, desnecessária. Nós nos colocamos em situação de greve de fome para alertar à sociedade sobre o que vai ocorrer com nosso país caso a reforma seja aprovada. Hoje, essas pessoas estão passando fome por consciência política. Se essa Reforma da Previdência for aprovada, a sociedade brasileira vai passar fome por uma questão crônica, porque sem Previdência e sem Seguridade Social, a base econômica dos mais pobres ficará comprometida”, explicou Bruno Pilon, da coordenação nacional do MPA.
O Conselho Federal de Psicologia (CFP), no dever de zelar pela dignidade do exercício profissional da profissão, já havia manifestado discordância com os argumentos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, a chamada Reforma da Previdência, iniciativa do Poder Executivo que tramita no Congresso Nacional. Para o CFP, a Reforma da Previdência, se aprovada, resultará no fim da aposentadoria para as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros.
Por entender que os direitos trabalhistas são parte essencial dos direitos humanos, o CFP assume a luta, ao lado dos sindicatos da Psicologia, em prol da mobilização de psicólogas e psicólogos contra a aprovação da PEC da Reforma da Previdência pelos parlamentares.
O coordenador nacional do MPA criticou não apenas o conteúdo da proposta de mudança na Previdência, mas também a forma como a PEC foi apresentada, sem discussão com a sociedade e as pessoas impactadas.
“Já começa errada pela lógica do nome. Ninguém faz uma reforma para piorar algo e ninguém faz reforma sem consultar as pessoas que serão atingidas pela mudança. É isso o que está ocorrendo com o sistema previdenciário e de seguridade no Brasil. As pessoas que precisam desse benefício ou que serão impactadas por essa reforma nunca foram consultadas, os camponeses nunca foram consultados sobre a reforma. Está se retirando uma coisa que é de direito nosso, sem nos consultar”.
Adesão à greve de fome contra a reforma da Previdência
Além dos três integrantes do MPA, Josi Costa, Leila Denise e frei Sergio Görgen, outras três mulheres do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) também entraram em greve de fome e completaram, nesta quarta, três dias sem se alimentar, em protesto contra a Reforma da Previdência. Uma delas é Rosangela Piovizani. Sua decisão de aderir à greve de fome é por entender que a Previdência e a Seguridade Social são lutas históricas camponesas, e trazem mais cidadania, dignidade e respeito às mulheres.
“Os direitos previdenciários deram mais condições de vida digna para as mulheres trabalhadoras do campo e da cidade. A aposentadoria, o salário maternidade e os benefícios da Previdência impuseram mais respeito no âmbito da família, porque tendo um benefício, mudam as correlações de forças e de respeito dentro da família, especialmente no tratamento com as mulheres e com os idosos. E então essa reforma é rasgar esses direitos. Nós, mulheres, que somos as mais atingidas por essa reforma, não podemos nos omitir”, apontou Rosangela.
Neste 13 de dezembro, trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade de diversas partes do país também aderiram à greve de fome. Além de Brasília, Rio Grande do Sul, Sergipe e Piauí já se confirmam greves de fome, Dia de Fome, vigílias, atos e ações de denúncia da Reforma da Previdência em Santa Catarina, Espírito Santo, Rondônia, Bahia, Pernambuco, Goiás e Alagoas. “Isso mostra que é uma ação crescente e de repúdio a essa reforma, porque fazer greve de fome não é algo fácil. Não é um ato isolado. Não são apenas essas seis pessoas que estão aqui. É o Brasil que está aqui dizendo não a essa reforma da Previdência”, explica Bruno Pilon.