A primeira reunião plenária de 2023 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), realizada nos dias 20 e 21 de janeiro, marcou o início da nova gestão frente à autarquia e também representou um importante e simbólico momento para a Psicologia brasileira.
A psicóloga Nita Tuxá assumiu oficialmente o cargo de conselheira do CFP, tornando-se a primeira indígena a integrar a gestão do Conselho Federal desde seu primeiro plenário, há 50 anos.
Indígena do povo Tuxá, Nita é psicóloga, ativista e docente. Especialista em saúde indígena e mestra em Antropologia Social, foi também idealizadora da Articulação Brasileira de Indígenas Psicólogas(os), a ABIPSI. Ao integrar a atual gestão do CFP, Nita Tuxá torna-se precursora da presença dos povos originários em um espaço institucional estratégico para a Psicologia como ciência e profissão.
O fazer da Psicologia junto aos povos indígenas é tema que tem mobilizado cada vez mais atenção no Sistema Conselhos. Em 2022, o CFP lançou as Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas junto aos Povos Indígenas, uma antiga demanda no âmbito da categoria e que foi elaborada com a metodologia do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop).
Também como parte dessa mobilização, em 2022, pela primeira vez, o processo eleitoral para os Conselhos Regionais de Psicologia e para a Consulta Nacional CFP passou a exigir nas candidaturas o cumprimento de percentual mínimo de cotas para pessoas com deficiência, pessoas negras, pessoas trans e povos tradicionais e indígenas. A medida é pioneira em processos eleitorais de conselhos de categoria no país.
Presença institucional
A composição de Nita Tuxá como integrante do XIX Plenário do CFP se alinha ao contexto de reconhecimento e valorização quanto à importância da presença de representações dos povos originários em espaços institucionais. Recentemente, o governo federal anunciou a criação do Ministério dos Povos Indígenas, com a primeira ministra indígena do Brasil.
Além de reconhecer, garantir e promover os direitos de comunidades indígenas, a iniciativa se mostra especialmente relevante diante da grave situação de saúde e segurança alimentar à qual têm sido submetidas muitas dessas populações. Nos últimos dias, mais de mil indígenas Yanomami foram resgatados em estado grave por equipes de saúde em Roraima. São crianças e adultos vítimas de desnutrição severa, verminose e malária – decorrentes do avanço do garimpo ilegal na região e da omissão do Estado brasileiro na proteção a essas populações, de acordo com autoridades.