Por deliberação da 1ª Plenária do XVII Plenário, ocorrida em Brasília nos dias 20 e 21/01, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) traz a público posicionamento sobre a campanha “Janeiro Branco”.
O CFP destaca a iniciativa da campanha “Janeiro Branco”, organizada por segmentos de nossa categoria, com ampla divulgação nas redes sociais e nas mídias nacionais. O mote da campanha – o incentivo à busca da psicoterapia para o cuidado com a saúde mental – é relevante, pois promove a visibilidade de um dos campos da prática profissional da (o) psicóloga (o) e incentiva a sociedade a se aproximar mais das questões relativas ao sofrimento psíquico.
Nesta perspectiva, destacamos alguns aspectos para contribuir com o debate sobre o tema:
– Consideramos que os estados de sofrimento são multifatoriais e constituídos a partir da relação das pessoas com seu entorno social. Logo, a característica central de nossa sociedade, marcada pelas desigualdades sociais, suscita para o CFP a preocupação de afirmar a prática profissional em intrínseco diálogo com a sociedade;
– Do mesmo modo, estamos atentos às diferentes manifestações de violência que acometem populações vulneráveis e povos tradicionais (povos indígenas, quilombolas, dentre outros) seja no mundo do trabalho ou como consequência da destruição do meio ambiente;
– Defendemos, portanto, que o cuidado com a saúde mental vai além da prevenção e do encaminhamento do indivíduo em sofrimento à psicoterapia. Nesse sentido, a efetivação das políticas públicas e inclusivas baseadas nas prerrogativas da universalidade, da integralidade e da equidade, buscando a interlocução com outros saberes e práticas profissionais, mostra-se imprescindível para a promoção da saúde mental.
– Lembramos que o CFP se referencia historicamente, ao lado de outros setores organizados do campo da Saúde, nas agendas referentes ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado no dia 18 de maio, e no Dia Mundial da Saúde Mental, em 10 de outubro.
A partir das ponderações acima expostas, sugerimos que haja uma reflexão conjunta em torno da temática do “Janeiro Branco” – inclusive sobre a opção pela cor branca, que pode referendar o discurso racista presente na nossa sociedade – com o intuito de promover um diálogo que nos permita a ampliação desta questão tão importante para a nossa profissão.
Finalmente, convidamos a categoria a refletir sobre a nossa prática como instrumento de garantia dos direitos fundamentais, do enfrentamento da violência, dos preconceitos e das condições objetivas e subjetivas que produzem sofrimento psíquico (racismo, LGBTfobia, intolerância religiosa, violência de gênero, violência contra a criança e o adolescente, entre outras).
Confira matéria produzida pelo CFP sobre os desafios na Saúde Mental na atualidade a partir de entrevistas com o professor e pesquisador titular da Fundação Oswaldo Cruz (Ficoruz) Paulo Amarante e o diretor da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) Leonardo Pinho.
* Em 2018, o CFP promoveu um debate online sobre Saúde Mental. Assista abaixo: