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29/02/2016 - 11:06

Primeiro debate online de 2016 abordou a participação dos (as) psicólogos (as) na Gestão do SUAS

Participantes relataram suas experiências e discutiram a contribuição da Psicologia

Primeiro debate online de 2016 abordou a participação dos (as) psicólogos (as) na Gestão do SUAS

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou, na última quinta (25), debate acerca da participação dos (as) psicólogos (as) na gestão pública do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). A contribuição da Psicologia, formação profissional, qualificação, problemas e desafios no dia a dia da gestão foram temas abordados no encontro, transmitido em tempo real pela internet e já disponível na íntegra no canal do CFP no YouTube.

A conversa contou com o relato da experiência de duas profissionais psicólogas que atuam na gestão do SUAS em municípios brasileiros – Carmem Magda Ghetti Senra, gestora na Prefeitura Municipal de Campinas (SP), e Elisângela Souza Franco, da Secretaria de Promoção Social de Poços de Caldas (MG). A mediadora, psicóloga Carla Andréa Ribeiro, explicou a necessidade de discutir a presença de psicólogos (as) na gestão. “O que temos de histórico é que esse espaço é ocupado no próprio fazer. Propomos pensar (a partir de relatos de experiências profissionais) o lugar do psicólogo e a importância do quanto pode contribuir”, disse Ribeiro, membro da Comissão Nacional de Psicologia na Assistência Social (Conpas) e do Coletivo Ampliado do CFP.

A convidada Senra destacou a contribuição da Psicologia para a construção do SUAS, lembrando que a categoria é a segunda com mais profissionais atuantes no Sistema, após o Serviço Social. Ela falou sobre aspectos do trabalho. “Atuar em uma política pública não é simples, não é um campo simples”, afirmou. “Três aspectos nas estratégias são essenciais para atuação do ‘psi’ no campo Social – técnicos, coletivos e políticos. Defendo que não há neutralidade na atuação do (a) psicólogo (a). Ele (a) se articula coletivamente com aquelas comunidades, com os atores envolvidos no Sistema, tecnicamente a partir da sua formação e tem uma atuação política. Temos que reconhecer que somos atores políticos e que não há uma neutralidade dessa atuação.”

“Somos atores políticos nessa política pública e estar nesse lugar que atende à parcela da população historicamente tratada como uma população invisível”, concordou a coordenadora da mesa em sua fala final. “Hoje, quando a gente está ocupando um lugar nessa política pública, diante de agendas que o Estado constrói, a gente fica, de fato, sendo chamado ao compromisso. Não dá para ir para esse lugar sem rever nossos valores éticos e políticos, sem assumir e tensionar posicionamentos. O (a) psicólogo (a) deve avaliar contextos, tomar decisões e atuar coletivamente.”

Contribuição

Já a psicóloga Franco destacou a escuta qualificada dos (as) profissionais psicólogos (as) como contribuição ao SUAS: “Somos formados para perceber o indivíduo, qual a percepção da história de vida. A subjetividade é o nosso campo de trabalho… A Psicologia sabe o que tem que ser feito para entender quem está na ponta”.
A debatedora destacou, ainda, a necessidade da representatividade na cobrança de melhorias do SUAS. “O que vai manter e dar continuidade à política de assistência social é a militância, é a ocupação do usuário, do trabalhador e das entidades… A partir do momento em que consigo uma efetividade de fóruns de discussões e de interlocução com a gestão, eles se sentem pressionados. A gente precisa que os usuários se organizem. Mas como os profissionais vão organizar os usuários, se nós não conseguimos nos organizar?”, questionou.

A burocracia e a precarização do serviço público também foram destaque nas falas. No entanto, todas reafirmaram o Sistema Único como uma conquista histórica para a sociedade. “Vivenciei a era pré-SUAS, situação em que não tínhamos normativas, em que não atuávamos em um sistema nacional e ficávamos ao sabor da gestão dos municípios, que definiam serviços que eram extintos a cada gestão”, lembrou Senra. “Identificar um CRAS [Centro de Referência de Assistência Social], um serviço que existe em todo pais é, sem dúvida, uma conquista.”

Debates no OrientaPsi

O vídeo do debate pode ser assistido aqui, e os interessados poderão participar de debates sobre o tema Gestão no SUAS a partir desta semana no OrientaPsi.

O CFP realizará outros quatro eventos online baseados no eixo de práticas profissionais: Proteção Social Básica (14/03); Proteção Social Especial de Média (08/04) e de Alta (05/05) Complexidades; e a Concessão de Benefícios (09/06).