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16/09/2015 - 18:11

Relatos de experiências de superação da lógica manicomial encerram seminário

Redução de leitos de internação, desenvolvimento da legislação de saúde mental e dos CAPS foram os avanços citados

Relatos de experiências de superação da lógica manicomial encerram seminário

Buscar, além do apontamento de problemas, construir soluções. Essa discussão foi tratada na mesa “Alternativas possíveis: a experiência de Minas Gerais e Goiás e os desafios da inclusão nos serviços substitutivos residenciais terapêuticos”, que marcou o encerramento do Seminário “A desconstrução da lógica manicomial – construindo alternativas”, realizado ontem e hoje (15 e 16/09), na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília.

O debatedores foram Maria Aparecida Diniz (Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator de Goiás – PAILI/GO), Pedro Gabriel Godinho Delgado (Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ) e Rodrigo Tôrres Oliveira (coordenador da comissão de Psicologia Jurídica do CFP).

Maria Aparecida Diniz destacou a importância do relatório das inspeções e apontou os problemas apontados, como superlotação, falta de profissionais, alimentação precária, além de apresentar o Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator – PAILI, em Goiás.

Sobre a experiência no PAILI, Maria Aparecida apontou avanços. Segundo ela, a aplicação da Lei 10.216/2001 foi fundamental, bem como ampla conversação com os atores envolvidos: “Buscamos todos os recursos, ambulatórios, CAPS e estratégia de saúde da família por ter municípios pequenos, na busca para oferecer os melhores tratamentos”, ressaltou. No período de funcionamento, o PAILI conta com 12 profissionais, nos quais já passaram 483 pacientes judiciários. Diniz citou ainda que índice de reincidência é de apenas 5%.

Pedro Delgado também ressaltou a importância da Lei 10.216 para a implementação de programas como o PAILI em Goiás e o PAI-PJ em Minas Gerais. Segundo ele, o êxito desses programas se deu com a articulação envolvendo o Poder Judiciário. Delgado citou os avanços e os problemas que ainda existem. Sobre o primeiro aspecto, ele citou a redução de leitos psiquiátricos, desenvolvimento dos CAPS, desenvolvimento da legislação sobre saúde mental, diminuição de novas internações. Porém, em relação às barreiras, ele destacou a baixa prioridade da saúde mental 80%, a falta de recursos humanos para o modelo psicossocial e comunitário e a dificuldade da saúde mental na atenção primária da saúde.

Balanço

O coordenador da comissão de Psicologia Jurídica do CFP, Rodrigo Tôrres, apresentou um balanço do relatório e das mesas realizadas nesses dois dias de seminário, apontando as propostas, orientações, sugestões, descontruções. Tôrres destacou a importância da luta que se deve fazer contra a lógica manicomial. Segundo ele, “o manicômio é o que há de pior em um hospital e o que há de pior no sistema prisional, pois lá o que predomina é a falta de falta de preparo, de capacitação e o discurso do medo”, ressaltando ainda a importância da condição de sujeitos e da urgencia em se debater e modificar a chamada medida de segurança.

Confira a entrevista com o professor Pedro Delgado: