O cenário brasileiro necessita de posicionamentos institucionais diante do desmonte de políticas públicas. Essa foi uma das reflexões apontadas pelos conselheiros integrantes do Centro de Referências em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop) durante encontro, dia 5 de maio, em Brasília, no Conselho Federal de Psicologia (CFP). Os conselheiros reforçaram o compromisso da categoria contra o retrocesso do país em relação às condições de trabalho e aos direitos conquistados.
O Crepop, ferramenta de diálogo presente nos 23 conselhos regionais, mobiliza e promove discussões para qualificar a atuação profissional, prática que impacta diretamente na garantia de direitos aos usuários dos serviços públicos.
A pauta do encontro, o primeiro da gestão do XVII Plenário, contemplou mapeamento de pesquisas em andamento, revisão de publicações, redação de documento sobre “política e uso de dados” e avaliação institucional do centro no CFP e CRPs. A reimpressão de materiais e deliberações sobre o Crepop no 9º Congresso Nacional de Psicologia (CNP) também foram discutidas.
O Crepop vai lancar, em breve, o estudo “Relações raciais: referências técnicas para atuação de psicólogas/os”, resposta do Sistema Conselhos de Psicologia às demandas do movimento negro para a produção de teorias que contribuam com a superação do racismo, do preconceito e das diferentes formas discriminação. Durante o 9º CNP, diferentes propostas indicaram a necessidade de promover o combate ao racismo e a retomada do Crepop, reconhecido como ferramenta de produção de referências e de diálogo direto com a categoria.
Retomada
A conselheira do CFP responsável pelo Crepop, Clarissa Paranhos Guedes destacou no encontro a importância deste Centro. Para ela, a integração da categoria passa pela ferramenta. O presidente do CFP, Rogério Giannini, falou dos desafios do Crepop e sua inserção a serviço do momento político do país. A vice-presidente, Ana Sandra Fernandes, destacou o Crepop como local de produção de referências em políticas públicas e ressaltou que a atual gestão irá apoiar estudos e pesquisas. O conselheiro-secretário Pedro Paulo Bicalho explicou a importância da inserção da Psicologia nas políticas públicas e ressaltou o caráter do atual plenário do CFP, capaz de articular com outros atores nacionais. A conselheira-tesoureira Norma Cosmo reforçou o relevo das pesquisas do Crepop como contraponto ao desmonte das políticas públicas atuais.
Crepop
A criação do Crepop é desdobramento de reflexões sobre a prática profissional das (os) psicólogas (os) no Brasil iniciadas nos anos de 1970. Essas reflexões foram ampliadas paralelamente à progressiva inserção dos psicólogos no campo social durante as duas décadas seguintes, o que tornou urgente a necessidade de aprofundar os conhecimentos sobre a relação entre Psicologia e políticas públicas. Criado em 2006, o Crepop é um centro de produção de referências técnicas para atuação em políticas públicas que conta com metodologia de diálogo entre o Sistema Conselhos de Psicologia e a categoria.
Mais de 20 pesquisas sobre a atuação de psicólogas (os) em políticas públicas já foram realizadas e 13 referências técnicas, publicadas. O Crepop, presente nos 23 CRPs, desenvolve pesquisas e assessora o Sistema Conselhos em temas ligados às políticas públicas. Serve, ainda, para mobilizar a categoria em discussões sobre a relação da Psicologia com o setor público.