Nesta segunda-feira (8), a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizou uma Sessão Solene para celebrar os 60 anos da regulamentação da Psicologia no Brasil. A solenidade foi promovida a partir de proposição da deputada distrital Arlete Sampaio (PT) e levou ao plenário da Casa a discussão sobre o contexto atual e o futuro da Psicologia.
A conselheira do Conselho Federal de Psicologia (CFP) Izabel Hazin afirmou que as solenidades que têm sido realizadas pelo país para celebrar os 60 anos da profissão têm revelado o quanto a Psicologia é potente. “Uma Psicologia que cada vez mais é brasileira, e atende ao chamado da sua população em todos os espaços em que se faz necessário o cuidado e o desenvolvimento”, pontuou.
Debates
A deputada distrital Arlete Sampaio destacou que, ao longo destes 60 anos, a Psicologia se afirmou como uma profissão reconhecida da população brasileira e que desempenha um papel relevante na questão da saúde mental, na implantação da reforma psiquiátrica e trabalhando nos serviços substitutivos.
“É fundamental que tenhamos o reconhecimento ao trabalho das psicólogas e dos psicólogos em todos esses sistemas, além das clínicas particulares, do atendimento individual. A Psicologia afirmou seu espaço nas políticas públicas, assim como nos consultórios particulares”, apontou a parlamentar.
A deputada federal Erika Kokay (PT/DF) ressaltou que o país atravessa um momento difícil de um Estado em sua função social e de promoção de direitos. Para ela, a Psicologia tem desempenhado um papel de resistência, compromissada com a vida, a liberdade e com a democracia.
“Os profissionais de Psicologia, por meio das suas entidades, têm resistido a tudo isso. A resistência de psicólogas e de psicólogos que dizem que só se cuida em liberdade e que não se cuida se não for em liberdade”, afirmou.
Falando em nome do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP-01), o psicólogo Rafael Gonçalves lamentou a desarticulação da reforma psiquiátrica nos últimos anos. “A gente tem visto um trabalho de forças que não estão nem aí para a construção de uma saúde mental e da integração necessária de políticas e serviços que isso exige”, destacou.
A diretora de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Vanessa Soublin de Vasconcelos, ressaltou que o DF trabalha com um déficit de profissionais da Psicologia na atenção primária e que há necessidade de profissionais da Psicologia para compor a rede. “Profissionais que tem ações multiprofissionais, ações de clínica ampliada e que extrapolam em muito o que entendem da psicologia de atendimento clínico individual. É um trabalho diferenciado e que precisa ser feito para a população”, destacou.
A diretora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a psicóloga Fabiana Damásio, avaliou que a Psicologia deve continuar reafirmando o propósito da profissão do cuidado em todas as circunstâncias históricas, políticas e sociais do nosso país. “As diversidades que nos fazem mais fortes e fazem com que o cuidado seja reconhecido em todos os espaços”, afirmou.
A diretora da Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi), Fernanda Magano, lembrou que a Psicologia tem construído espaços com a sociedade brasileira e com o cuidado da população na defesa dos direitos humanos, das políticas públicas e de uma luta antimanicomial. “Os 60 anos da Psicologia são estes primeiros 60 anos de uma profissão que tem muito a contribuir com a realidade brasileira”.
Para o coordenador de Graduação do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), Domingos Sávio Coelho, a profissão tem o desafio de atuar nas frentes da inclusão, da diversidade e da equidade e lembrou da importância da presença das comunidades tradicionais. “É fundamental que as comunidades tradicionais tenham seus estudantes na universidade e a Psicologia tem muito a contribuir para este processo”.
A presidente do Sindicato dos Psicólogos do DF (SinPsi/DF), Tamara Levy, ressaltou que as(os) profissionais da Psicologia, que cuidam de pessoas, também precisam de cuidado. “Precisamos ocupar espaços políticos para nos fortalecer enquanto classe trabalhadora, enquanto profissionais da saúde”, defendeu.
Para a representante da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) (Anpsinep), Joyce Avelar, por estar inserida em um contexto social de desigualdades, a Psicologia tem o desafio de não reproduzir a lógica racista, classista, machista e LGBTfóbica presente na sociedade. “Nós precisamos insistir em criar no meio da Psicologia quilombos vivos. Nós lutamos por uma Psicologia enegrecida e que mantenha viva e saiba a importância das memórias e saberes afro e indígenas brasileiras. Lutamos pelo reconhecimento das nossas contribuições e potencialidades”.
A presidente do Conselho Regional de Serviço Social do DF (CRESS/DF), Karina Aparecida de Figueiredo, afirmou que a Psicologia tem sido grande parceira do Serviço Social ao longo das últimas décadas, ressaltando que pautas e lutas da Psicologia também fazem parte das lutas do Serviço Social. “Tem sido um caminho muito importante essa construção coletiva, principalmente, nesta conjuntura que a gente tem vivido”, reconheceu.
*Celebrações pelo Brasil
Ao longo de todo este ano têm sido realizadas por casas legislativas de todo o país sessões solenes para celebrar o sexagenário da Psicologia. As reuniões nas assembleias e câmaras municipais realçam as contribuições da Psicologia à sociedade e seus desdobramentos históricos nas últimas seis décadas. Até o momento foram realizadas treze solenidades em 12 cidades de 10 estados brasileiros.