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26/04/2007 - 15:31

Teses para o CNP seguem para os CRPs

Síntese da Pesquisa de Impacto do Título de Especialista

No ano 2000, o Conselho Federal de Psicologia regulamentou o Titulo de Especialista. Esse título caracteriza-se pelo reconhecimento da prática profissional do psicólogo e pode ser obtido por meio de três modalidades: experiência comprovada, curso de especialização credenciado e concurso de provas e títulos. Até o momento existem onze especialidades do campo do exercício profissional regulamentadas, a saber:

1.  Psicologia Clínica;
2.  Psicologia do Esporte;
3.  Psicologia do Trânsito;
4.  Psicomotricidade;
5.  Psicopedagogia;
6.  Psicologia Escolar/Educacional;
7.  Psicologia Organizacional;
8.  Psicologia Jurídica;
9.  Psicologia Hospitalar;
10. Psicologia Social;
11. Neuropsicologia.

Indicadores de desenvolvimento de área profissional foram utilizados para reconhecimento dessas especialidades, tais como: possuir institucionalização e organização social e estar claramente caracterizada a atuação profissão por intervenção profissional em processos específicos. Para a descrição das áreas de especialidade reconhecidas, o CFP convidou entidades nacionais da Psicologia para a construção do texto da Resolução, posteriormente analisado e aprovado na APAF. Desde a sua criação, a categoria tem demonstrado que valoriza esse mecanismo de reconhecimento da prática profissional. Até o momento já foram concedidos mais de 16.000 registros de especialista.

Ao instituir essa política de reconhecimento da prática profissional, o CFP espera fortalecer a institucionalização da Psicologia na sociedade brasileira, demarcando a profissão com suas áreas de atuação; exercer controle sobre os cursos de especialização profissional , no sentido de que efetivamente qualifiquem os profissionais; contribuir para que a especialização na área de Psicologia seja uma forma de aprimoramento profissional pelo desenvolvimento do saber.

Desde a implantação do Titulo de Especialista, já foram concedidos mais de 16.000 registros de especialistas, foram realizados três concursos de provas e títulos e mais de 50 cursos foram credenciados. Essas atividades foram construídas com os CRPs por meio da criação de Grupo de Trabalho, Comissões de Análise para Concessão do Título de Especialista (CATE), Fórum de Acompanhamento da Implantação do Título de Especialistas.

Uma das atividades planejadas nesse coletivo foi a realização de uma pesquisa sobre o impacto do título de especialista, iniciada no ano de 2003. Ao longo desse ano, os conselhos regionais de Psicologia e o Conselho Federal de Psicologia realizaram pesquisas sobre o impacto do título. Essas pesquisas não seguiram uma metodologia única, sendo utilizados diferentes instrumentos e procedimentos de coleta e análise de dados, dificultando uma comparação dos resultados. Pode-se entender que cada pesquisa, em particular, representou um retrato da realidade local e apontou possibilidades diversas de realização de uma pesquisa nacional, de questões e variáveis a serem contempladas, funcionando como pilotos por fornecer subsídios para o planejamento de uma pesquisa nacional com uma metodologia padronizada que possibilitasse a realização de uma avaliação qualificada do impacto nacional do título de especialista. Com base nessas considerações, apresenta-se a seguir uma síntese dos principais resultados dessas pesquisas e apontam-se algumas diretrizes de atuação do CFP em relação ao titulo de especialista.

 

Pesquisas Sobre o Título de Especialista Realizadas no Sistema Conselho

Os resultados das pesquisas mostram que a maioria dos psicólogos pesquisados conhecia as resoluções, porém, entre os motivos apresentados pelos que não solicitaram o título, foi mencionada, como principal argumento, a falta de informação. Outras justificativas dadas foram a falta de interesse, a perda de prazo, tempo de atuação insuficiente e falta de comprovação da prática profissional pela documentação exigida. Já entre os que solicitaram o título, o motivo que congregou a maior quantidade de respostas foi a visão de que o título é uma formalização de conhecimento e prática profissional na área de atuação. Outras respostas , como o aprimoramento de curriculum, preocupações com possíveis exigências futuras e com o mercado de trabalho, também fundamentaram o interesse pelo título.

Quanto à questão de benefícios e restrições no mercado de trabalho pelo fato de se ter ou não o título de especialista, a maioria dos respondentes que não têm o título afirma que não vivencia nenhuma restrição, e os que têm o título dizem que não sentem nenhum benefício decorrente da titulação. Quando questionada sobre o conhecimento de concursos que solicitavam o título de especialista como critério de seleção, a maioria dos entrevistados deu respostas negativas . Nesta mesma direção, o número de respostas afirmando que o título de especialista não repercute nenhum impacto na prática profissional também foi elevado, apesar de que, em algumas pesquisas, muitos psicólogos avaliaram o título como importante para a categoria, afirmando que este tem um impacto positivo. A maioria das respostas apontou que os psicólogos não incluíram a nova titulação na publicidade/propaganda pessoal e nem ajustaram os custos de seus serviços, no entanto, poucas pesquisas contemplaram esses questionamentos, sendo necessário que haja mais investigação para que possamos obter uma conclusão mais precisa sobre esses aspectos.

Apesar de os resultados indicarem um impacto pouco expressivo na prática profissional dos psicólogos, a grande maioria dos respondentes pretende solicitar o título de especialista, sendo a modalidade pretendida , para a obtenção do título, a realização dos cursos de especialização credenciados pelo CFP. Esse resultado implica em questões importantes a serem consideradas, pois explicita o interesse futuro pelo título. No caso, então, da modalidade escolhida ser os cursos de especialização, vale ressaltar que as pesquisas que abordaram instituições de formação de psicólogos indicam que a maioria das instituições conhece as resoluções sobre o título de especialista, mas há pouca mobilização para adequação dos cursos aos critérios exigidos para solicitar o credenciamento no CFP.

Para concluir a análise das pesquisas sobre o impacto do título de especialista (2003), destacamos três pontos principais: 1) apesar de as resoluções serem conhecidas pelos psicólogos, há ainda um grande nível de desinformação sobre elas; 2) o impacto do título de especialista na prática profissional é bastante reduzido; e 3) há interesse pelo título entre a maioria dos psicólogos.

A análise desses dados apontou a necessidade de algumas ações:

  1. Ampliação da divulgação sobre o título de especialista, esclarecendo seu diferencial em relação aos títulos acadêmicos, o histórico de sua criação e sua importância;
  2. Elaboração de um Plano de valorização do título de especialista concedido pelo CFP, contemplando empresas que realizam concursos, contemplando os convênios da área da saúde e o mercado de trabalho de uma forma geral;
  3. Divulgação, para a sociedade, do título de especialista concedido pelo Sistema Conselhos de Psicologia como uma referência de qualidade profissional; e
  4. Divulgação do credenciamento de cursos de especialização pelo CFP e avaliação do quê o credenciamento no CFP possibilitou aos cursos (medidas a serem realizadas em parceria com a ABEP) .