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28/09/2016 - 15:35

“Toda escola pode fazer bem”

Conselheira do CFP e integrante da Comissão Nacional de Psicologia na Educação (PsinaEd) concedeu entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Confira

“Toda escola pode fazer bem”

A conselheira do 16º Plenário do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Meire Nunes Viana, foi entrevistada para o caderno “Ponto Edu (.edu)” do jornal O Estado de S. Paulo, publicado no último domingo, 25 de setembro.  A matéria intitulada “Lição de Casa: decidir a escola” abordou o dilema na hora de escolher uma escola para o (a) filho (a), o que costuma exigir pesquisa e informação sobre localização, preço e, sobretudo, a linha educacional.

Na entrevista, Meire afirma que, além de transmitir conhecimento, a escola divide com a família a responsabilidade pela formação de cidadãos. Por isso, na hora de escolher a instituição onde o filho vai passar grande parte (senão a maior parte) do dia, recai sobre os pais a cobrança de encontrar a escola perfeita. Atividades extras e a pressão para formar o mais cedo possível um cidadão pronto para o mercado de trabalho podem frustrar os alunos e prejudicar o processo educacional.  Ela defende ainda que não há uma escola perfeita. Para a conselheira do CFP e integrante da Comissão Nacional de Psicologia na Educação (PsinaEd), um bom projeto educacional e apoio psicológico são os principais pontos para levar em conta na escolha.

Confira abaixo a entrevista: 

Como os pais se sentem na hora de escolher uma escola para os filhos? 

Boa parte das famílias tem a expectativa de que a escola cumpra um papel complementar na educação. Nas últimas décadas, os pais passam muito tempo trabalhando e ficam menos com os filhos. Por isso, precisam confiar na instituição para cumprir uma formação humana, não só de aprendizagem. Eles precisam pensar se a escola combina com o modelo educacional que escolheram, com o projeto de filho que idealizaram. l Você percebe que os pais sentem ansiedade nesse momento? Nos anos 60 ou 70, escolhendo uma escola ou outra, o aluno saía lendo, escrevendo. Hoje, não se busca só isso – há também o papel de constituir o sujeito como cidadão. A educação está muito mais voltada para a educação humana do que antigamente. Por outro lado, temos educadores com dificuldade de cumprir esse papel em sua plenitude, e essa diferença tem provocado uma ansiedade. l Essa preocupação é justificável ou às vezes é um pouco exagerada? Entendo que existe a busca dos pais para tentar encontrar um caminho mais assertivo para a família. Não é fácil saber, quando você põe a criança na escola aos 6 anos de idade, se ao longo dos nove anos de ensino ela vai conseguir alcançar o que foi projetado. É desafiador. Talvez seja preciso se acalmar um pouco para ponderar o marketing que as escolas fazem para seduzir esses pais ansiosos.

 

O que os pais podem fazer para tomar uma decisão com mais calma? 

É fundamental pensar quais são suas metas no processo educativo, o que entendem como pontos importantes e almejam para a formação dos filhos. Dentro do possível, os pais podem incluí-los nesse processo, para que eles os ajudem a entender o que desejam em cada fase. Assim, os filhos vão desempenhar melhor e terão menos chance de se frustrar. Praticamente todas as escolas podem fazer bem para crianças ou adolescentes, desde que contem com apoio psicológico e um bom projeto educacional.

 

O que caracteriza esse bom projeto? 

A melhor escola é aquela que se propõe a acompanhar o desenvolvimento de crianças e adolescentes, sem acelerar o processo. A proposta deve ser de desenvolver as atividades dentro de um ritmo adequado à idade, facilitando o relacionamento interpessoal e respeitando o movimento e os gostos dos alunos. Independentemente do conteúdo ou da carga horária, uma boa escola é aquela que permite o pleno desenvolvimento do estudante sem pressa. Muitas vezes a expectativa de que a criança tem de ter sucesso acaba prejudicando. Ela precisa curtir aquele momento que não vai voltar mais. A escola precisa estar atenta: o que está oferecendo aos 8, 9, 10 anos? É isso que o aluno quer? Ouvir a criança e o adolescente é um excelente caminho, além de levá-los para conhecer o espaço, que vai ser de vivência diária.

Com informações do jornal O Estado de São Paulo/Luíza Pollo (Especial)