“Será um divisor de águas
Este nobre aniversário
Onde a Psicologia
Tal qual raro relicário
Guardará no coração
Este ímpar cinquentenário.”

Os versos acima  revelam mais do que uma homenagem aos 50 anos da Psicologia . Demis Santana, artista popular do estado de Alagoas,  compilou em forma de cordel os  fazeres da profissão, mostrando que a Psicologia não pode ser dissociada da arte e da cultura.

Os panfletos com a literatura de cordel dividem espaço com outros produtos artesanais nos estandes de economia solidária dos Conselhos Regionais de Psicologia na 2ª Mostra. O encontro  aconteceu no dia 22 de setembro, no Anhembi, em São Paulo.

Os produtos, mais do que características típicas dos estados, trazem consigo histórias  – contadas pelas próprias artesãs – que revelam  a cultura da região. É o caso do filé, renda artesanal típica de Alagoas, feita a partir de redes de pesca e cujo nome, diz a lenda, veio a partir  da necessidade das mulheres de comprar o “filé” para viver.

Filé este que está agora nas blusas, cachecóis, vestidos e roupas de cama que chamam a atenção dos participantes da Mostra.

Dos peixes e bananeiras
Bolsas coloridas e até capas de celular também lotam o estande do Amor Peixe, projeto solidário de Corumbá (MS).  “O processo é complexo,  passa pela costura,  amaciamento, tingimento, até ter o artesanato pronto”, conta a presidente da Associação, Joana de Campos. O grupo é composto de 12 mulheres que trabalham juntas, em uma casa, de segunda a sábado.

Com fibras de bananeira homens e mulheres também se sustentam e levam adiante conhecimentos por meio do “Tecendo Fibras, Tramando Histórias”, associação convidada pelo CRP-18 (MT) para mostrar sua arte no estande. São garrafas, chinelos, papéis e até casinhas de cachorro. “O artesanato é só um chamariz, mas fazemos o trabalho para ver a interação e a intervenção que podemos fazer na área da Psicologia, como a ajuda psicológica e a  coesão do grupo que vêm como resultado. Há casos de pessoas que após iniciarem o trabalho saíram  até de processos depressivos”, conclui:

“A alegria é imensa
Tão grande que é difícil conter
Contudo após tantas discussões
Não podemos esquecer:
“Que temos muito a comemorar”,
E “muito mais a fazer.”