Os maus tratos e agressões a idosos têm motivado uma série de pesquisas pelo mundo. No artigo da revista Psicologia: Ciência e Profissão desta semana, “Violência Contra Idosos na Família: Motivações, Sentimentos e Necessidades do Agressor”, as autoras abordam o tema sob a perspectiva de pesquisar os agressores. Quais as causas, relações e sentimentos que os levam a atitudes extremas?
O texto, publicado na edição 36.3 da revista acadêmica do Conselho Federal de Psicologia (CFP), tem como autoras as pesquisadoras Cirlene Francisca Sales Silva (Doutoranda em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Pernambuco) e Cristina Maria de Souza Brito Dias (Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília e Docente da Universidade Católica de Pernambuco).
O CFP publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um artigo do periódico – cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico e o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para o conjunto da sociedade.
Causas da violência
Segundo o artigo, o aumento mundial da população idosa tem sido acompanhado por importantes demandas, dentre elas a violência contra a pessoa idosa, que merece especial atenção devido às sequelas físicas e psicológicas que acarreta. A literatura tem focalizado mais o idoso agredido, pouco se detendo ao agressor.
As autoras apontam que o objetivo geral da pesquisa foi investigar a violência contra idosos na família, da perspectiva dos agressores, e especificamente as motivações que os impeliram à violência, os sentimentos e as necessidades sentidas por eles.
A autora Cirlene Silva conversou com a Assessoria de Comunicação do CFP e falou mais sobre a pesquisa.
Confira a entrevista.
O que as motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema?
A pesquisa realizada sobre “Violência Contra Idosos na Família: Motivações, Sentimentos e Necessidades do Agressor” foi motivada pela inquietação de compreender os fatores que fomentam tal ato, como também os sentimentos e necessidades que perpassam aquele que comete agressão contra o idoso de sua própria família.
Quais os resultados que você destaca desse levantamento?
Os resultados indicaram que: houve a presença de violência por parte dos participantes; as principais motivações se referem à posse de bens materiais e relacionamento permeado de violência entre ambos; os sentimentos experimentados nessa situação foram de tristeza, decepção, raiva, injustiça, angústia e revolta. Dentre as necessidades sentidas, sobressaiu-se o desejo de que o processo fosse encerrado e que eles pudessem voltar à sua vida normal. Conclui-se que se faz necessário o acolhimento aos agressores com a finalidade de ajudá-los a ressignificar essa experiência.
Na sua opinião, como a Psicologia pode auxiliar nesse debate?
Pensamos que a Psicologia tem um importante papel no que concerne a auxiliar essas pessoas que estão inseridas neste contexto. O acolhimento, a compreensão e a orientação a estes são condições sine qua non para a promoção de harmonia familiar e paz entre idosos e outras gerações com menos idade. Assim, é necessário que se estimule nas famílias uma postura de solidariedade entre as gerações como uma forma de reconhecimento de quanto cada uma contribui com a outra. A presente pesquisa revelou a falta de preparação dos agressores para o envelhecimento dos pais e demais parentes. É importante que os psicólogos contribuam para implementar campanhas de esclarecimento nas escolas (desde o ensino fundamental), famílias, comunidades e mídias para que o processo de envelhecimento seja melhor conhecido, tendo em vista o crescente contingente de pessoas idosas no nosso país. Sobretudo, elaborar intervenções para acolher o agressor – concedendo-lhe a oportunidade de ressignificar seu ato de violência contra a pessoa idosa, contribuindo para o restabelecimento da homeostase na relação entre idoso e agressor.
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