Teve início na quinta-feira (15), em São Luís (MA), o XI Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas: Amazônia como espaço de conexões territoriais e a produção de vida nas diversidades.
Nesta edição, o evento coloca em foco o território amazônico e toda a sua complexidade, convocando representantes de coletivos e movimentos sociais para dialogar com profissionais da Psicologia sobre questões fundamentais à atuação profissional da categoria no contexto social e econômico do país.
Losiley Alves Pinheiro, conselheira-secretária do Conselho Federal de Psicologia (CFP), destacou a importância do seminário enquanto espaço de diálogo e reflexão sobre questões que atravessam a vida das coletividades. Também ressaltou que as ações de descentralização do CFP, em parceria com os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) e as universidades, têm sido importantes para ampliar o olhar e dar visibilidade à Psicologia desenvolvida em todo o território nacional. “A Psicologia é uma profissão que vem tentando dar conta das demandas de todos os povos, que emergem e são urgentes”.
A conselheira pontuou ainda que os debates previstos na programação pretendem abordar conexões, vida e diversidade a partir de uma profunda reflexão crítica sobre as condições de vida da população brasileira, dos desmontes das políticas públicas, dos ataques à Amazônia e aos povos indígenas e tradicionais. “É nesse contexto que iremos falar sobre vida, resistência, sobre a luta pelo direito de existir e sobre conexões entre violência urbana e o sistema econômico”, destacou a representante do CFP.
A psicóloga Neuza Guareschi, conselheira do CFP e coordenadora do Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP/CFP), apresentou a trajetória das edições anteriores do seminário, pontuando o impacto dos debates para a atuação profissional de psicólogas e psicólogos em temáticas complexas do cotidiano.
Guareschi ressaltou que, nesta edição, o evento foi construído a partir de dois pontos centrais: enfatizar a importância do diálogo entre Psicologia e os movimentos sociais para a construção de políticas públicas a partir do compromisso ético-político da profissão; e reafirmar a existência de diversas conexões que afetam a vida das pessoas e coletividades.
Na avaliação da coordenadora do Crepop, é imprescindível refletir acerca dos interesses econômicos expressos em políticas de governo que incentivam a diminuição da floresta protegida, causam desastres ambientais, aumentam o número de famílias desabrigadas e em situações de emergência e desastres. “É necessário apontar a conexão existente entre o modelo econômico e políticas de diminuição do emprego formal, que colocam em risco a segurança alimentar e que restringem o acesso à saúde e à educação pública”, concluiu.
Psicologia e políticas públicas
Durante a solenidade de abertura, as(os) participantes chamaram atenção para a violência e seus reflexos na existência e resistência não apenas das comunidades tradicionais e dos povos indígenas, mas da população em geral.
Ana Paula Oliveira, uma das fundadoras do Movimento das Mães de Manguinhos, destacou a importância da construção de políticas públicas com a participação de profissionais da saúde no atendimento a familiares de vítimas de violência. “Nós estamos doentes: a mente e o meio em que vivemos. E a Amazônia está gritando e pedindo socorro”, concordou Anacleta Pires – mulher negra quilombola, defensora popular de direitos humanos e pedagoga.
A psicóloga Sofia Fávero destacou a violência sofrida por pessoas LGBTI+, ressaltando a importância dessa população no enfrentamento ao conservadorismo e na construção de políticas públicas mais inclusivas. “As pessoas LGBTI+ estão produzindo vida”, pontuou.
A importância de psicólogas e psicólogos na oferta de um cuidado humanizado e de uma política de saúde mental antimanicomial foi destacada por Kleidson Oliveira, do Movimento População de Rua do Distrito Federal. O compromisso ético da Psicologia na promoção de direitos também foi ressaltado por Inaldo Kum’Tum – Akroá-Gamella, liderança com atuação em defesa dos territórios tradicionais; e Nego Bispo, ativista político e militante do movimento social quilombola e de direitos pelo uso da terra.
O seminário segue até sábado (17) e terá a cerimônia de encerramento transmitida pelas redes sociais do Conselho Federal de Psicologia.
Debates multitemáticos
Com participação protagonista no evento, representantes de coletivos e movimentos sociais irão abordar nos próximos dois dias temas como meio ambiente, povos indígenas e comunidades tradicionais, mulheres, população LGBTI+, pessoas em situação de rua, políticas sobre drogas, laicidade, neoliberalismo e direitos humanos – propiciando um diálogo acerca da atuação da Psicologia em questões fundamentais da agenda social brasileira.
Confira aqui a programação completa com os temas dos próximos debates.
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