Satepsi – Desafios para os próximos dez anos

_P2A0979Os desafios do Satepsi para os próximos dez anos. Este foi o tema de mesa promovida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) no 9º Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (Conpsi), nesta sexta-feira, no Centro de Convenções, em Salvador/BA.

Os debatedores, também integrantes da Comissão Consultiva da Avaliação Psicológica (CCAP) do Conselho Federal de Psicologia (CFP), destacaram a importância do Satepsi para as avaliações psicológicas, a capacitação dos profissionais e as ações do próprio colegiado. A mesa foi composta pelos professores João Alchieri (conselheiro do CFP e professor da UFPB), Cícero Vaz (UFRGS) e Valdiney Gouveia (UFPB).

João Alchieri apresentou um contexto de como foi criado o Satepsi e sua evolução. Segundo ele, houve visíveis necessidades de modificações e aprimoramentos, desde 2003 quando se iniciou até os dias de hoje. O conselheiro do CFP destacou ainda a redução do número de instrumentos de avaliação utilizados e a agregação de novos. Desde 2003, 259 testes foram avaliados pelo Satepsi.
Alchieri listou a problematização dos atuais indicadores, que, segundo ele, não se atentam para os seguintes elementos: número de casos amostrais pouco representativos do cenário regional ou nacional, caracterização por idades, sexo e escolaridade sem contextualização, ausência de parâmetros demográficos de micro e macro regiões, entre outros.

_P2A0966Para o conselheiro do CFP, o cenário nacional para os psicólogos será de alta rotatividade, que exigirá mais do profissional. “Toda a mudança é positiva, dizem os sobreviventes. A formação não é só fazer faculdade, é algo que vai além, nunca termina. Fazer uma série de cursos sobre seu aspecto de trabalho. Verificação e não apenas usando instrumentos de avaliação psicológica”.

Por sua vez, o Profº Cícero Vaz apresentou um documento de sua autoria intitulado
avaliação psicológica no Brasil: obstáculos e desafios no país. Vaz fez a leitura de desse texto e levantou reflexões aos presentes. Entre essas, destacam-se: “Por que em determinadas profissões, liberais, a entrevista tem importância fundamental? Por que em algum concurso público a comissão determina que não pode usar entrevista? Está se dando muito valor aos testes e pouco à capacitação intelectual do psicólogo. Isso está fazendo com que ele tenha pouco prestígio em relação a outras profissões. O ideal é a convergência é competência do profissional e o instrumento. Com isso, daqui a dez anos, a profissão será ainda bem melhor”, prevê.

Valdiney Gouveia advertiu que o Satepsi veio para ficar, trazendo contribuições importantes. Gouveia fez uma apresentação do trabalho daquele colegiado no CFP e reforçou a importância de uma renovação anual em seus quadros. “É importante que se renove a comissão. Estamos pensando em renovação de um terço da comissão a cada ano, pois as instituições são permanentes”, reforçou, chamando os profissionais a serem pareceristas ad-hoc da comissão, como forma de dar oportunidades a múltiplas contribuições. Valdiney relatou a importância da cartilha de avaliação psicológica, mas que essa embase os testes com teorias psicológicas. “Os Manuais são muito curtos, com fórmulas pré-prontas como se as pessoas soubessem, mas não sabem. Nossa área de avaliação é diminuta, então é importante a integração das instituições. Articular enquanto grupo e categoria”, ressaltou.

Confira abaixo vídeo sobre a atividade:

 

Práticas de cuidado em álcool e outras drogas propõem novo olhar para a atuação da Psicologia

_P2A0884Duas experiências exitosas de trabalho com usuários de álcool e outras drogas foram apresentadas na mesa “Práticas de cuidado em álcool e outras drogas – clínica do (im)possível”, realizada pelo CFP na manhã desta sexta (15) durante o 9º Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (Conpsi).

A psicóloga Raquel Barros, criadora da Associação de Formação e Reeducação Lua Nova, apresentou a instituição, que está em atividade há mais de 10 anos no município de Sorocaba (SP) e desenvolve ações com mulheres em situação de vulnerabilidade com foco na questão da drogadição e da exclusão grave. O espaço conta com centros de profissionalização, geração de renda e Incubação, e preconiza a lógica de empoderamento no processo de acolhida, em detrimento da ideia de tratamento. “A pessoa não é vista como sujeito passivo, mas considerada com suas potencialidades, passando a atuar como colaboradora das ações e participante de seus processos. As mudanças das pessoas não estão do consultório do psicólogo, estão no seu dia a dia”, pontua.

O Projeto de Braços Abertos, implementado pela Prefeitura de São Paulo para a _P2A0876população em situação de rua da região central da cidade conhecida como Cracolândia, foi apresentado por Teresa Endo, assistente técnica da área de Saúde Mental. O projeto parte do resgate social dos usuários de crack por meio de trabalho remunerado, alimentação e moradia, com orientação de intervenção não violenta e foco no estímulo ao desenvolvimento social cidadão. Nessa perspectiva, o tratamento de saúde é uma consequência das etapas anteriores, e não condição prévia imposta para participação. “A pessoa não é obrigada fazer tratamento, não é uma moeda de troca. A pessoa vem com a demanda e a gente atende. A proposta é quebrar vários muros construídos há milênios sobre o que é tratar uma pessoa em saúde”, explica.

 

Confira abaixo vídeo sobre a atividade:

 

Situação e gestão do SUAS são temas de debate no Conpsi

19315_965467560151769_176044776064112248_nO Sistema Único de Assistência Social (SUAS) foi tema de duas meses de debates, nesta quinta-feira (14), durante o 9º Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (Conpsi). Ambos contaram com a presença de representantes da Comissão Nacional de Psicologia na Assistência Social (Conpas) do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Na parte da manhã, Enrico Braga, da Conpas, debateu o tema “Psicologia e Proteção Social Especial de Média Complexidade do Suas” com Marcelo Gomes Pereira Júnior, da Universidade Fumec (MG) e Aline Rose Inácio Pinho, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano e Social do Distrito Federal (Sedest-DF) e Universidade de Brasília (UnB). Em sua intervenção, Braga traçou um cenário da presença da Psicologia na Assistência Social e essa relação na construção de políticas públicas, passando ainda pela legislação correspondente ao tema, a formação das equipes de referência e os gargalos que enfrentam, até um detalhamento do termo proteção social de média complexidade.

Após a fala de Braga, o primeiro a participar da mesa, Marcelo Gomes e Aline Rose falaram de suas experiências no SUAS contextualizando com assuntos de suas teses de mestrado. Marcelo é autor de “A atuação da Psicologia no SUAS: um enfoque no CREAS, em seus desafios e potencialidades” e Aline Rose do “O atendimento a famílias em situação de abuso sexual: um estudo exploratório”.

Para Aline, uma das principais funções destas mesas de debate é apresentar, principalmente aos alunos de Psicologia, como funcionam as políticas públicas relacionadas à Assistência. “Quando eu passei no concurso, eu mal sabia o que era o CREAS, porque não haviam tratado no assunto na faculdade. Acho que isso vem mudando e espero que, cada vez mais, os estudantes saibam do que se trata”, ponderou.

Gestão do SUAS

Na segunda mesa, o representante da Conpas, Leovane Gregório, ao lado de Adriana de Paula Reis, da Secretaria Municipal de Administração de Betim, e Fabiana Itaci Corrêa de Araujo, da Universidade Federal de Goiás, debateram sobre a “Psicologia e gestão do Sistema Único de Assistência Social”.

Nesta mesa, os presentes abordaram mais a forma de organização e atuação da categoria em políticas públicas. “A mesa foi muito importante porque conseguimos colocar a discussão em uma perspetiva diferente, reunindo informações para um mapeamento de como estamos atuando politicamente em defesa da categoria e como podemos melhorar, passando de uma atuação isolada para uma mais coletiva, nacional. Assim, podemos melhorar a discussão da gestão”, ponderou Leovane.

A Psicologia do Trabalho bem como a Social Comunitária também foram citadas como ferramentas de apoio. “Essas são áreas de pesquisa e discussão científica que podem ajudar muito na discussão em relação ao aspecto do trabalho e identificação da identidade do profissional da Psicologia”.

Confira abaixo a entrevista com Enrico Braga (Conpas/CFP):

 

Mesa do Conpsi discute História da Psicologia

_P2A0736A mesa “Problematizando a Psicologia na História: diferentes faces das relações entre Psicologia e Sociedade no Brasil” aconteceu na tarde desta quinta-feira (14), durante o 9º Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (Conpsi), em Salvador (BA).

Os palestrantes foram os professores Denis Barros de Carvalho (UFPI), Fernando Lacerda Junior (UFG) e Maria Lúcia Boarini (Universidade Estadual de Maringá). Os componentes da mesa são integrantes do Projeto “Memórias da Psicologia”, do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Denis Carvalho discorreu sobre a “História da Psicologia Ambiental através dos seus livros”. Segundo ele, não há uma história da Psicologia, mas recortes, divididos em três grandes categorias de estudo: as teorias psicológicas, objetos técnicos (testes) e as figuras sociais (psicólogos, pacientes). “Poucos sabem dos papéis sociais e das intervenções sociais que eles (atores) construíram ou agiram”, ressaltou.

Em uma das três questões sobre a Psicologia ambiental, Carvalho destacou o saber. Segundo ele, como a Psicologia ambiental é interdisciplinar, compreende-se pelos seus autores, ou seja, não se limita a apenas a uma ciência.

Maria Lúcia Boarini apresentou o painel “Desnaturalizar a Psicologia é preciso”. Segundo ela, a desnaturalização é recente, fazendo uma digressão pela História sobre como se deu esse processo.

Sobre “como desnaturalizar” a história, Maria Lúcia respondeu que isso não pode ser feito de forma a esquartejar o saber, ou seja, fragmentar o conhecimento. Para ela, o estudo do Psicossocial é um rompimento desse esquartejamento, pois envolve não apenas aspectos técnicos, mas humanos.

Desta forma, ela critica quando não há um processo psicossocial na elaboração do laudo. “Qual a implicação do laudo na sua profissão? Laudo é arma perigosa. De caráter imediativo, curativo, quem tem essa visão é limitado, pois, muitas vezes, um laudo mal redigido gera problemas para sociedade”, ressaltou.

Ao apontar esse aspecto, Boarini destaca que o aluno brasileiro, de uma maneira geral, pouco lê. “Nosso aluno não lê. Ele precisa ler”. É difícil entender a Psicologia se não entendermos a sociedade em que a gente vive”, alertou.

Fernando Lacerda apresentou reflexões acerca do tema “Psicologia Social contra Socialismo Científico”, na questão envolvendo o estudo da Psicologia e as lutas sociais. O professor da UFG discorreu sobre a relação Psicologia e política na história da Psicologia, bem como problematizou esses dois projetos de ciência para estudar a sociedade – além da oposição e relação entre eles.

Ao final, Fernando lançou um questionamento aos presentes: “será que é possível haver o diálogo entre Psicologia e marxismo? Há uma Psicologia alternativa ou teremos uma ‘superação’ da Psicologia?”, problematizou.

Confira abaixo vídeo sobre a atividade:

Profissionais discutem importância da Psicologia do Esporte

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A “Formação Profissional da Psicologia do Esporte: Caminhos do GT do CFP” foi o tema da mesa de discussões promovida pelo CFP no 9º Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (Conpsi) nesta manhã, no Centro de Convenções, em Salvador/BA.

O primeiro tema debatido foi ”Reflexões para a construção da Psicologia do Esporte ampla e qualificada”, com a professora Adriana Bernardes Pereira (PUC-GO). Adriana apresentou um balanço da situação da Psicologia do Esporte no Brasil, destacando as diferenças entre as práticas e abordagens dos esportes nas várias regiões do país. Ela também apontou que a Psicologia do Esporte vai além do esporte de alto rendimento e do futebol, diferentemente do que muitas vezes é mostrado pelos meios de comunicação, e destacou a importância de se produzir mais pesquisas, produções e estudos na área da Psicologia do Esporte. Para a professora, os profissionais precisam lutar por mais cursos, propondo inclusive a construção de um Guia de Referência, na busca sobre quem são os profissionais da Psicologia do Esporte.

Giane Silva Souza Santos, professora da UFPA, abordou aspectos das políticas públicas de inserção de atletas de alto rendimento no estado do Pará. Giane elencou a série de programas de incentivo ao esporte que existem naquele estado, mas advertiu, no entanto, que muitos desses programas não estão sendo efetivados. Segundo ela, apenas um clube de futebol no Pará detém um profissional de Psicologia do Esporte, o Clube do Remo, cuja atuação se dá mais por amor ao time do que pelo reconhecimento da profissão.

A última reflexão se deu pela professora da UFMA Cristiane Almeida Carvalho, que fez um levantamento da história da Psicologia do Esporte antes mesmo da regulamentação da profissão, bem como um relato da situação do Maranhão na formação desses profissionais. Segundo ela, a primeira disciplina de Psicologia do Esporte a ser ministrada nos cursos teve início somente em 2006.

Em seguida, Carvalho elencou as atividades do GT de Psicologia do Esporte do CFP e algumas de suas propostas – como eventos acadêmicos, encontros itinerantes e intercâmbio com os CRPs para troca de experiências.

Ao final do evento, profissionais e estudantes ainda fizeram uma rodada de perguntas sobre variados temas, como a proposta de mudança do termo de “Psicologia do Esporte” para “Psicologia no Esporte”, o tratamento psicológico com profissionais de halterofilismo e declarações polêmicas de dirigentes de futebol sobre a importância do psicólogo para esse esporte.

O 9º Conpsi prossegue com as atividades durante toda a quinta-feira e termina no próximo sábado (16).

Confira abaixo vídeo sobre a atividade:

Encerramento: 8º Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas chega ao final

3_mesaO 8º Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas terminou no final desta quarta-feira (13), no Centro de Convenções em Salvador, onde mais de 1,5 mil profissionais e estudantes de Psicologia acompanharam os debates realizados em três mesas.

No período da tarde, o tema do debate foi “O fazer ético-politico do psicólogo: Participação da Psicologia na Assistência Social”. A referida temática contou com a mediação de Carla Andrea Ribeiro, integrante da Comissão Nacional de Assistência Social (Conpas) no CFP e os debates de Isabel Maria Fernandes de Oliveira (Profª Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Carmem Magda Ghetti Senra (Psicóloga da Prefeitura de Campinas) e Maria Helena Tavares (Ministério do Desenvolvimento Social – MDS).

O encerramento do evento se deu com a presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Mariza Monteiro Borges, com a presidente da Comissão Científica do 9º Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (Conpsi) e com a representante do MDS, Maria Helena Tavares. Todas convidaram os profissionais e estudantes de Psicologia a darem prosseguimento aos debates da categoria no 9º Conpsi, que tem início hoje.

Assistência Social

Isabel Fernandes fez um paralelo da pobreza com o SUAS, abordando como era pensada a Assistência Social por uma lógica clientelista e não de inserção social. A professora explicou que a inserção da Psicologia nas políticas de assistência social não foi motivada, mas se deveu a questões mercadológicas.

Fernandes afirmou ainda que, mesmo em condições de penúria e fragilização, a participação da Psicologia na Assistência Social cresceu mais do que na área da Saúde.

A dirigente do MDS abordou a trajetória de dez anos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Para ela, a realidade desafia.  Ao apresentar os dados e os desafios do Governo, Maria Helena Tavares abordou o sentido do SUAS em aprimorar a corresponsabilidade entre os entes federativos (União, estados e municípios), bem como avançar na interlocução de produção e saberes. “Todos os entes têm de subsidiar as ofertas de serviços, pacto federativo na colaboração dessa oferta”, reforçou.

Segundo ela, a Psicologia tem e deve olhar para questões objetivas e subjetivas – tanto na gestão, atendimento e no controle social. Ao final, Maria Isabel destacou as parcerias firmadas entre o MDS e CFP: prontuário SUAS, Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e Termo de Cooperação do CFP/MDS. Sobre esse último, Tavares relatou que está em avaliação jurídica. “O Psicólogo pode ocupar outros espaços de trabalho, além da visão tradicional. Precisamos  ter esse diálogo interno e provocarmos diálogo extra-política e social”, disse.

Carmen Senra sublinhou que o fazer ético-político do psicólogo passa por um posicionamento diante do mundo. Ela também destacou que, apesar dos dez anos do SUAS Assistência Social, a Psicologia na Assistência Social já se encontrava presente antes, mas que agora consolida a Psicologia nos campos de referência. “Sou uma profissional pré-SUAS. Importante não perder essa trajetória histórica, que, no passado, tínhamos pouca ou nenhuma transparência sobre os recursos”, listando problemas que ocorriam como descontinuidade de programas, poucos recursos humanos (ausência de concursos públicos para a área), entre outros.

Senra destacou que os desafios da Psicologia para a Assistência Social passam por uma transformação da sociedade, sobre a rede de interrelações sociais, contra a precarização e burocratização excessiva das ações. “Luta pelo concurso público, luta por educação de qualidade, planos de Cargos, Carreiras e Salários e luta por uma defesa do trabalhador. Avanços na melhor formação acadêmica, ainda incipiente”, finalizou.

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Assista ao vídeo com a íntegra da terceira mesa e encerramento:



Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas discute relações entre Psicologia e Justiça

10645158_964934216871770_6433202507635474364_nNa atividade, Maria José Gontijo Salum, Professora da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e membro do Conselho Técnico do Instituto da Criança e do Adolescente (ICA), ressaltou o papel do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no contexto da discussão sobre a redução da maioridade penal, tema caro à Psicologia Jurídica na atualidade. “Antes, localizávamos o trabalho do psicólogo somente na execução penal. O desenvolvimento do artigo 227 da Constituição de 1988 (que trata da família, criança, adolescente, jovem e idoso) foi determinante para o trabalho dos juizados de infância e juventude e também em projetos e programas criados para garantir direitos para estes públicos. Antes, o trabalho nas varas de família era com os cônjuges, fomentando a disputa do casal. Com o ECA, uma nova forma de conceber o trabalho do psicólogo surgiu.  Todo o trabalho com as medidas socioeducativas nos trazem a perspectiva dos direitos, rompendo com a lógica simplesmente punitiva”, argumentou. Para ela, é preciso que a Psicologia trabalhe cada vez mais com a possibilidade de ruptura com o chamado positivismo criminológico. “Quando você nomeia o delinquente, você está dizendo quem ele é. Quando você diz que ele está em conflito com a lei, refere-se a um momento pelo qual ele está passando. É aí que está a importância do trabalho da Psicologia”, completou.

Para Esther Arantes, Professora do Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), é importante observar a pluralidade de abordagens tanto do Direito quanto da Psicologia. Segundo ela, os Direitos Humanos devem perpassar todas as práticas da Psicologia, distanciando-se da concepção errônea de que sua existência se volta para a “proteção de bandidos”, numa perspectiva de desqualificação do debate. “A conjuntura atual no Brasil é desfavorável aos Direitos Humanos, com uma extensa pauta no Congresso Nacional contrária à cidadania. É impressionante a quantidade de Projetos de Lei para fazer regredir conquistas”, afirmou, citando como exemplos as propostas do Estatuto da Família e o Estatuto do Nascituro. “O campo da Psicologia Jurídica é um campo tenso. Psicólogos estão em todos esses lugares. Muitas dessas legislações trazem demandas aos psicólogos. Há, por exemplo, juízes que solicitam serviços do psicólogos para participação em diversos julgamentos, mas muitas vezes o profissional está atendendo protetivamente as pessoas envolvidas nos casos”.

Com relação ao debate sobre a redução da maioridade penal, Arantes reforçou a importância do posicionamento contrário da categoria e lembrou que jovens sofrem muito mais violência do que praticam. “Além disso, as meninas também serão atingidas. Muitas delas são mães e serão apartadas de seus filhos. E os adolescentes com sofrimento mental, irão para os manicômios judiciários? Há tanta consequência ao se destituir a prioridade absoluta da Constituição (as crianças e jovens). Se a prisão já é um inferno para o adulto, imagina mandar adolescentes para esse sistema”, finalizou.

Fátima França, psicóloga especialista em Psicologia Penitenciária, apontou a intervenção do Estado em perspectiva punitivista como consequência de uma sociedade que delega a terceiros o contato, a conversa e a possibilidade resolução de conflitos.

Segundo ela, nesse contexto, a Psicologia Jurídica está a serviço da melhoria da ação da intervenção do Estado. “A relação da Psicologia com o Direito é submetida, pois ela otimiza sua técnica para melhor investigar o sujeito ou o fenômeno de interesse do sistema de Justiça. Colocar a Psicologia dessa forma é limitá-la”. Ela elencou exemplos de processos litigiosos sobre disputa de guarda, em que a avaliação psicológica serve para definir quem ficará com a guarda. “Quando isso se decide, está resolvido o problema jurídico. Mas e a questão psicológica? Mesmo que o psicólogo da vara tenha sua atuação restrita, a Psicologia como ciência não pode sê-lo. O conhecimento da Psicologia produzida na intersecção com a Justiça não pode se limitar a isso”, criticou.

França lembrou, ainda no contexto da Psicologia Jurídica, da existência de abordagens acadêmicas no campo da Psicologia que têm entendimento do homem como indivíduo entendido separadamente do contexto social em que vive. “A questão da Psicologia é entender que a questão da criminalidade é complexa, e nós a colocamos de forma limitada a questões específicas do indivíduo. A Psicologia pode contribuir mais para complexificar a questão. Se continuarmos a reproduzir a Psicologia dessa maneira, continuaremos a reproduzir o status quo”. Para a debatedora, para superar esse quadro é preciso investir na interlocução entre Psicologia, Sistema de Justiça e Universidade. “Na hora em que um professor orienta uma pesquisa, ele muitas vezes pode estar contribuindo para a construção de uma Psicologia que instrumentaliza o Direito, sem enxergar o contexto em que precisa ser analisado. Por isso, esse tripé de discussão permanente é muito necessário”.

O 8º Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas, promovido pelo CFP, teve início na manhã desta quarta (13) e tem como tema “O Exercício Profissional Enquanto Trabalho”. O evento antecede o IX Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (Conpsi), que termina no próximo sábado (16) na capital baiana.

Assista ao vídeo com a íntegra da segunda mesa:

 

Psicologia e Políticas Públicas: seminário nacional acontece nesta quarta (13)

20150512-1-politicaspublicasO Conselho Federal de Psicologia (CFP) promove em Salvador (BA), nesta quarta (13), das 8h às 17h, o 8º Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas, sob a temática “O Exercício Profissional enquanto Trabalho”, quando serão debatidas as condições de trabalho de psicólogas e psicólogos em todo o país.

Além das condições trabalhistas, o encontro abordará os aspectos ligados à formação do profissional em psicologia e às situações do dia a dia do profissional, com seus impactos no compromisso ético e na defesa incondicional dos direitos humanos, sob o aspecto da pluralidade da Psicologia.

Durante o dia serão realizadas três mesas de debates que abordarão políticas no contexto da saúde, da assistência social e da Psicologia na relação com a justiça. Serão elas: “Participação da Psicologia na Saúde: Olhares e Fazeres da Psicologia no SUS – Sistema Único De Saúde”; “Subjetividade e Cidadania: Psicologia e Direito”; e
“O Fazer Ético-Político: Participação da Psicologia na Assistência Social”.

O evento contará com a presença de especialistas diversas áreas da Psicologia, além da presidente do CFP, Mariza Monteiro Borges, Ilka Bichara, Presidente da Comissão Organizadora do CONPSI e Léa Lúcia Cecílio Braga, Diretora do Departamento de Proteção Social Básica da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

Como já é tradição, o Seminário precede a abertura do Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (Conpsi), que será realizado entre os dias 13 e 16 de maio. A abertura do CONPSI será na noite do dia 13, em um auditório para 1.800 pessoas.

O 8º Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas é gratuito e acontecerá no Centro de Convenções da Bahia. Os participantes receberão certificado de participação do CFP e as inscrições para o evento podem ser realizadas neste link.

O Congresso Norte-Nordeste de Psicologia

Realizado entre os dias 13 a 16, a 9ª edição do Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (Conpsi) terá como tema “A Psicologia e os desafios do mundo contemporâneo”. Tradicionalmente, o evento reúne entre 3.500 a 5.500 participantes, entre estudantes, professores, pesquisadores e profissionais de psicologia.

O CFP apoia o congresso e participará de mesas e palestras nas áreas de avaliação, métodos e medidas em Psicologia, Psicologia Social, Psicologia Política, Psicologia e questões Sociais, História e Epistemologia da Psicologia, Psicologia Escolar e Educacional, Sexualidade e Estudos Psicológicos de questões LGBTTs, Psicologia do Esporte e Psicologia Organizacional e do Trabalho.

A autarquia levará especialistas para tratar de temas da Psicologia relacionados ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS), ao Sistema Único de Saúde (SUS), direitos das mulheres, história da sociedade brasileira, dilemas e reflexões sobre a questão indígena e educação (da educação básica à pós-graduação).

Clique aqui e veja a programação do CFP no Conpsi.

8º Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas
Temática: “O Exercício Profissional enquanto Trabalho”
Data e horário: 13 de maio, das 8h às 17h
Local: Centro de Convenções da Bahia – Avenida Simón Bolívar, 600. Armação, Salvador/Bahia
Site: http://politicaspublicas.pol.org.br/

Conpsi: Salvador recebe um dos mais importantes eventos da Psicologia

Logo_CFPnoConpsiA cidade de Salvador (BA) será a sede da 9ª edição do Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (Conpsi), entre os dias 13 e 16 de maio. Com o tema “Psicologia e os desafios do mundo contemporâneo”, o congresso reunirá milhares de estudantes e profissionais para a troca de experiências sobre as mais diversas áreas da Psicologia contemporânea. O evento tem o apoio do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que realizará mesas, palestras e montará um estande especial para o atendimento ao público, com distribuição de materiais e transmissão de vídeos.

O Conpsi contará com, ao menos, dez conferências de docentes de universidades nacionais e internacionais, dezenas de minicursos, lançamentos de livros e publicações, comunicações orais, mesas redondas acadêmicas, institucionais e profissionais, relatos de experiências e um simpósio.

O CFP levará à capital baiana especialistas que abordarão temas da Psicologia relacionados ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS), Sistema Único de Saúde (SUS), direitos das mulheres, história da sociedade brasileira, dilemas e reflexões sobre a questão indígena e educação (da básica à pós-graduação), dentre outros. A participação da autarquia se dará, ainda, nas áreas de avaliação, métodos e medidas em Psicologia, Psicologia Social, Psicologia Política, Psicologia e questões sociais, história e epistemologia da Psicologia, Psicologia Escolar e Educacional, Sexualidade e Estudos Psicológicos de questões LGBTTs, Psicologia do Esporte e Psicologia Organizacional e do Trabalho (clique aqui e veja a programação completa do CFP no Conpsi).

Além disso, o público contará com um estande do Conselho, na entrada principal do Centro de Convenções, onde encontrará publicações relacionadas à Psicologia, exibição de vídeos, totem interativo com a impressão de fotos – sucesso no IV Congresso Brasileiro de Psicologia: Ciência e Profissão (CBP) – e, ainda, terá contato direto com funcionários da autarquia disponíveis para consultas em relação a dúvidas. Também serão distribuídas as novas edições do Jornal do Federal e da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, bem como de tradicionais publicações científicas da entidade.

As inscrições para o Conpsi  http://www.conpsi2015.com.br/ podem ser feitas no site do evento e, até o dia 01 de maio, os participantes poderão se inscrever ainda com o valor promocional. Após essa data, a inscrição para participação e também para os minicursos só poderá ser efetuada no local do evento, no dia 13 de maio, a partir das 7h, no Centro de Convenções da Bahia.

Um grande evento da Psicologia

O Conpsi é um importante evento da Psicologia no Brasil. Resultado de parceria entre o então Departamento de Psicologia da Universidade Federal da Bahia e o Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região (Bahia), sua primeira edição ocorreu em 1999, em Salvador. De periodicidade bianual, até o ano de 2013 foram realizadas oito edições alocadas em diferentes cidades do Norte e Nordeste do Brasil.

Tradicionalmente, o evento reúne entre 3.500 a 5.500 participantes, entre estudantes, professores, pesquisadores e profissionais de psicologia. A despeito de inicialmente ter sido concebido como um evento para favorecer a integração e difusão do conhecimento produzido em Psicologia no Norte e Nordeste do Brasil, desde sua primeira edição ganhou amplitude nacional, vindo a assumir um papel estratégico na organização da Psicologia no País.

8º Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas

Além da participação em mesas e palestras durante o Conpsi, o Conselho Federal de Psicologia promoverá também, antes da abertura do evento, o 8º Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas, sob a temática “O Exercício Profissional enquanto Trabalho”, quando serão debatidas as condições de trabalho de psicólogas e psicólogos. O seminário acontecerá durante o dia 13, das 8h às 17h. A abertura do Conpsi acontecerá no mesmo dia e local, a partir das 18 horas.

Além das condições trabalhistas, o encontro abordará os aspectos ligados à formação em psicologia e às situações do dia a dia do profissional, com seus impactos no compromisso ético e na defesa incondicional dos direitos humanos, sob o aspecto da pluralidade da Psicologia.

Durante o dia, serão realizadas três mesas de debates com especialistas que abordarão políticas no contexto da saúde, da assistência social e da Psicologia na relação com a Justiça. O evento é gratuito. Saiba mais e faça a sua inscrição no site http://politicaspublicas.cfp.org.br/

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Nota de repúdio à violência contra os professores do Paraná

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Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

Assistimos estarrecidos, no dia 29 de abril de 2015, às cenas de violência que a polícia do estado do Paraná, sob as ordens do governador Beto Richa, realizou contra os professores que se manifestavam contrários à mudança na previdência social.

Temos vivenciado em nosso país um enfrentamento de ideias e posições que se radicalizam e desencadeiam atos de violência. A forte repressão sobre os manifestantes em frente ao palácio do governo em Curitiba teve como saldo 200 feridos.  Esta truculência repressiva revela a intransigência de setores dos poderes públicos frente ao exercício da democracia.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio de sua Comissão de Direitos Humanos (CDH), repudia fortemente as ações de violência dos agentes estatais que, ao manterem as práticas herdadas do período ditatorial em nosso atual presente, ferem a democracia, cerceando o bem mais caro do sujeito, seu direito à liberdade expressão.