A flexibilização da prática de estágio – de forma remota – na área da Psicologia decorrente da pandemia da Covid-19 tem gerado uma série de dúvidas por parte de comunidade acadêmica, como coordenadoras(es) de curso, docentes, supervisoras(es) e estudantes.
Visando ampliar o diálogo com todas as pessoas envolvidas no intuito de construir colaborativamente estratégias alternativas, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) irão realizar uma série de seminários virtuais.
As atividades serão organizadas pelos 24 Conselhos Regionais de Psicologia (CRP) em parceria com os núcleos estaduais da ABEP, culminando com um seminário nacional previsto para o dia 14 de julho. Todas as atividades serão realizadas de forma on-line. A agenda dos seminários será disponibilizada em breve e poderá ser acompanhada tanto no site e redes sociais do CFP quanto dos Conselhos Regionais de Psicologia.
A ideia é que cada CRP construa uma agenda de reuniões com coordenadoras(es) de curso, orientadoras(es), supervisoras(es) e representantes estudantis locais para discutir sobre os impactos, as consequências e os desdobramentos do ensino remoto na formação de Psicologia, tendo como referência a Portaria nº 544, de 16 de junho de 2020, do Ministério da Educação. Ao final, cada Conselho Regional de Psicologia sistematizará o conteúdo desses diálogos, que será discutido em âmbito nacional na atividade do dia 14 de julho.
Embora a educação emergencial remota tenha sido apontada como possibilidade de atuação frente à pandemia do novo coronavírus, não existem consensos sobre sua adequação para a realização de estágios e práticas em Psicologia. Tampouco, conhecimentos acumulados sobre os impactos na formação de psicólogas(os) do uso da mediação tecnológica sem a presencialidade.
Tanto o CFP quanto a ABEP defendem a presencialidade dos estágios, considerando que os processos de ensino-aprendizagem pressupõem uma formação que se realiza na troca de experiências, implicando convivência e diálogo, além de práticas colaborativas fundamentalmente presenciais. Além disso, defendem as instituições, o conjunto de requisitos que formam a identidade profissional não se adquire por meio de ensino a distância, uma vez que essa dinâmica exige convivência, contato com as diferenças culturais, teórico-metodológicas e experienciais entre docentes, estudantes e a comunidade.
Para mais informações, assista ao vídeo com a presidente do CFP, Ana Sandra Fernandes, e a presidente da ABEP, Ângela Soligo.
Psicologia se aprende com presença
Essa discussão tem sido realizada pelo Conselho Federal de Psicologia e por entidades ligadas ao tema desde antes da pandemia ser decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2018, o CFP – em parceria com a ABEP e a Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi) – promoveu 118 reuniões preparatórias, 5 encontros regionais, e 1 encontro nacional para elaborar uma minuta das novas Diretrizes Nacionais Curriculares (DCN) dos cursos de graduação em Psicologia, garantindo a ampla participação da categoria.
O documento passou por consulta pública, contando com a contribuição de diversas entidades da Psicologia que compõem o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB). Por fim, o documento foi encaminhado ao Conselho Nacional de Educação que, posteriormente, direcionou ao Ministério da Educação um parecer aprovando a revisão das diretrizes. Essa revisão, atualmente, aguarda homologação do MEC.
Em março de 2020, já no contexto de isolamento social, o CFP – em parceria com a ABEP e a Fenapsi – lançou uma nota pública convocando coordenações de cursos e docentes da graduação em Psicologia para refletir sobre os impactos do ensino e do estágio a distância na área. Essa nota foi assinada por diversas entidades da Psicologia e por todos os Conselhos Regionais de Psicologia.
No último dia 15 de junho, uma nova nota conjunta foi lançada pelo CFP e pela ABEP, com orientações para a realização de práticas e estágios em Psicologia – sempre defendendo a modalidade presencial.