A publicação do Conselho Federal de Psicologia (CFP) “Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) com Povos Tradicionais”, produzida no âmbito do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop), teve um lançamento especial realizado pelo Conselho Regional de Psicologia da 21ª Região (CRP-21/PI).
O local escolhido para o lançamento no Piauí foi a comunidade Indígena da Etnia Tabajara, localizada em Nazaré, no município de Lagoa do São Francisco (PI). O evento contou com a presença e participação das(os) moradoras(es) da Comunidade Indígena, além de psicólogas(os), estudantes e professoras(es) da escola local, professoras(es) universitárias(os), estudantes de graduação e pesquisadoras(res) em geral.
A presidente do Conselho Regional de Psicologia do Piauí, Samila Marques Leão, apresentou as Referências Técnicas e destacou que a aproximação da categoria com as comunidades tradicionais tem possibilitado que psicólogas e psicólogos conheçam e contribuam com as lutas, ajudando, inclusive, com as denúncias contra abusos que têm representado verdadeiros genocídios, etnocídios e epistemicídos dessas populações.
II Seminário Psicologia e Povos Tradicionais
O lançamento ocorreu durante o II Seminário “Psicologia e Povos Tradicionais”, realizado de 16 a 18 de outubro e organizado pelo Núcleo de Pesquisa e Intervenção em Psicologia Crítica e Subjetivação Política do curso de Psicologia da Universidade Federal do Delta do Parnaíba. O objetivo do encontro foi debater a volta da Psicologia, como ciência e profissão, para a realidade social brasileira e sua formação multiétnica e multicultural, aproximando as(os) profissionais dos saberes, da ancestralidade, dos modos de vida e de trabalho, e da vida comunitária em que vivem os povos tradicionais.
Além da comunidade Indígena da Etnia Tabajara, também participaram do Seminário representantes dos pescadores artesanais que vivem na Comunidade Pedra do Sal, em Parnaíba, e das marisqueiras que vivem na localidade Porto dos Tatus, no município de Ilha Grande do Piauí, porta de entrada para o Delta do Parnaíba (Delta das Américas).
Para a presidente do CRP-PI, o seminário foi o “reconhecimento do esforço das psicólogas e do Sistema Conselhos de Psicologia em buscarem o diálogo e o fortalecimento da aliança junto aos Povos Indígenas e Tradicionais locais, reconhecendo seus saberes, modos de vida, cultura e identidade étnica, na perspectiva de intensificar a luta que estes povos têm travado junto ao Estado para a defesa dos seus direitos e defesa dos seus territórios”, aponta.
Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) com Povos Tradicionais
Em dezembro de 2019, o Conselho Federal de Psicologia publicou as “Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) com Povos Tradicionais”.
O objetivo é que o documento seja um instrumento técnico, ético e político por demarcar os compromissos da Psicologia na garantia de condições de vida dignas a todos os povos que constituem a sociedade brasileira, respeitando sua autonomia, independência e valores, sem ferir, negligenciar ou desconsiderar seus modos de vida e costumes, no respeito a suas crenças e relações com o território.
Compreendem povos tradicionais os povos ciganos, povos e comunidades de terreiro e de matriz africana, faxinalenses, catadoras de mangaba, quebradeiras de coco-de-babaçu, comunidades pantaneiras, pescadores e pescadoras artesanais, caiçaras, extrativistas, povos pomeranos, retireiros do Araguaia, comunidades de fundo e fecho de pasto, comunidades extrativistas do cerrado, dentre outros.
Leia as Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) com Povos Tradicionais
Conheça as Referências Técnicas do Crepop