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20/03/2009 - 12:32

2ª CNDPI discute construção de rede de ações para proteção aos direitos da pessoa idosa

O primeiro dia da 2ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNDPI), que começou na quarta-feira (18) e vai até sexta (20) no Hotel Alvorada, em Brasília, teve como um dos destaques da tarde a mesa redonda com o tema “Compreensão e Perspectiva da Rede Nacional de Proteção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa”. O debate contou com integrantes dos poderes executivo, legislativo e judiciário e com Vicente Faleiros, professor da UnB, que falou a partir da perspectiva da sociedade civil.

Na visão do professor, a pessoa idosa tem sido inserida aos poucos na agenda política brasileira. “Com a modernização, o idoso entrou na política como um coitado, objeto de filantropia, excluído”. O que é necessário no envelhecimento ativo do idoso e que muitas vezes não é levando em conta, segundo Faleiros, é vê-lo como sujeito político participativo.
A discriminação ainda é considerada a principal queixa do segmento nas pesquisas e, na opinião de Faleiros, as políticas sociais são a forma mais eficaz de combater as atitudes discriminatórias. “É fundamental ter um sistema em rede que traduza na prática o que está previsto no sistema”, diz.

Para o Coordenador Nacional da Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, José Telles, a Conferência é vista pela maioria como um espaço de cobrança do governo mas, na verdade, trata-se da criação de uma nova cultura.
José Telles destaca o que ele chama de ‘tríade perversa’ à consolidação dos direitos dos Idosos: clientelismo, personalismo e tecnicismo. “Quantos não falam em nome dos idosos, quantos não são personalistas? Deve-se trazer mais e mais a voz das pessoas a serem representadas”, afirma.
O trabalho pela cultura do idoso, com proximidade e multidimensionalidade, além de atenção direta às necessidades do segmento, foi outra questão destacada por Faleiros. Para ele, é preciso reconhecimento do outro e levantamento dos trabalhos que já existem a favor do idoso, como o Centro de Referência Especializada da Assistência Social (CREAS), o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e o Pacto pelo Idoso do Sistema Único de Saúde, por exemplo.
“Deve-se olhar o envelhecimento como uma conquista e os idosos como contribuintes para esta ação política em redes”, conclui Vicente Faleiros.
Para José Telles, o compromisso pela luta dos direitos dos idosos deve ser coletivo. “Temos primeiro a missão de refletir sobre nós mesmos, que país que queremos construir e que vícios temos que deixar de lado”, conclui.

 

A rede vem com a função de reforçar o meio protetor que existe em torno da pessoa idosa. “A política deve estar articulada em torno do conceito de proteção, para reduzir e prevenir os riscos”. Mas, antes de instalar a rede, é preciso, para Faleiros, romper com questões na cultura brasileira que dificultam a cultura da integração, como é o caso de tutelas e da dificuldade da sociedade olhar o idoso como um todo, a partir de uma visão integral.