CEP ¬ Seminário Teórico – Assassinatos em família

Assassinato não é apenas coisa de criminosos, já que se infiltra profundamente na atividade fantasística de todos nós. Porém, diferentemente do assassinato cometido na realidade, ele é cometido em pensamento, ficando latente, inconsciente, mesmo que muito ativo no plano psíquico. O assassinato faz parte de nossa vida psíquica. Traduz desde sempre a luta pela sobrevivência. Foi preciso tempo para o homem reconhecer no outro essa qualidade de outro sujeito, para passar do enfrentamento do tipo “ele ou eu” à relação com esse outro no conflito em que o assassinato pode ser simbolizado na rivalidade, na intersubjetividade; foi preciso tempo para passar da eliminação do rival à introjeção das qualidades desse objeto odiado. O palco dessas paixões é o espaço familiar, a criança e seus pais. A violência atuada ou transformada, que se revela no seio de cada família e se repete de geração em geração, se encontra em todos os grupos humanos, em todas as instituições em que se articulem as questões do poder e da sedução. Este seminário vai tratar da criação do objeto, dos caminhos edípicos e suas relações com o ódio. A vida não é um rio longo e tranquilo; ela é feita desse entrelaçamento perpétuo entre amor e ódio, de conflitos consigo e com os outros.