Notícias

06/03/2017 - 15:55

CFP defende mudanças no Plano Nacional de Segurança Pública

Individualização da pena e enfrentamento ao tráfico de pessoas são alguns dos temas que ainda precisam ser mais bem trabalhados na proposta

CFP defende mudanças no Plano Nacional de Segurança Pública

Após quase dois anos sem se reunir, o Conselho Nacional de Segurança Pública (Conasp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública retomou suas atividades nos dias 22 e 23 de fevereiro, com um debate sobre a construção do Plano Nacional de Segurança Pública. Membro do colegiado desde a sua instituição, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) é a única entidade das profissões regulamentadas presente no órgão, que reúne ainda representantes das três esferas de governo, forças policiais, trabalhadores da área de segurança pública e sociedade civil.

Durante a reunião, o conselheiro Pedro Paulo Bicalho, representante do CFP no Conasp, pontuou sob o olhar da Psicologia algumas carências do Plano Nacional de Segurança e a necessidade de expandir o debate sobre essa matéria, de forma regionalizada, com a sociedade civil.

Segundo Bicalho, a proposta do governo federal – apresentada na reunião pelo ministro interino da Justiça e Segurança Pública, José Levi Mello do Amaral Júnior – avança ao propor ações para diminuir as atuais taxas de superpopulação prisional, mas falha ao não problematizar a atual lógica fortemente punitiva presente nas políticas de encarceramento e observada no discurso de repressão às drogas. “Ao tratar de segurança nas unidades prisionais, por exemplo, o plano não contempla as políticas de individualização da pena, protagonizadas por profissionais de Psicologia e Serviço Social”, afirmou Bicalho.

O conselheiro Pedro Paulo explicou que o Plano Nacional de Segurança Pública também carece de operacionalização quanto à instituição dos mutirões de audiências de custódia. “Haja vista a problemática dos presos provisórios no Brasil, que constitui cerca de 40% da população prisional do país, essa questão representa uma clara violação de direitos”, reforçou.

Outra lacuna importante, de acordo com o conselheiro-diretor do CFP, é a ausência de medidas para enfrentamento ao tráfico de pessoas, que vitima cerca de 2,4 milhões ao ano, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Apesar desta estatística estar presente no documento, não há qualquer medida prevista para seu enfrentamento. Deste modo, o Conselho Federal de Psicologia coloca-se disponível para dialogar com o Ministério da Justiça de modo a qualificar o enfrentamento da problemática que, apesar de específica, corresponde a uma parcela significativa dos dados de violência no Brasil”, enfatizou Bicalho.

Diagnóstico comprometido

A precariedade dos dados disponíveis para um diagnóstico mais preciso é um fator que ainda compromete a elaboração das políticas de segurança pública. Para Bicalho esse problema poderia ser contornado por meio do incentivo a elaboração de editais de pesquisa sobre segurança pública junto a agências de fomento como a Capes, CNPq e fundações estaduais de apoio à pesquisa.

Conasp

Órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa, que integra a estrutura do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Conselho Nacional de Segurança Pública tem por finalidade propor diretrizes para as políticas públicas voltadas à promoção da segurança pública, prevenção e repressão à violência e à criminalidade, e atuar na sua articulação e controle democrático.