Notícias

11/08/2016 - 17:18

Precarização da saúde indígena traz alerta para debates da Cisi em 2016

O representante do CFP nesse colegiado é o psicólogo Tássio Soares, que participou da reunião realizada em Brasília nesta semana

Precarização da saúde indígena traz alerta para debates da Cisi em 2016

Na primeira reunião do ano da Comissão Intersetorial de Saúde Indígena (Cisi) do Conselho Nacional de Saúde (CNS), os representantes das organizações que a compõem definiram como prioridade desenvolver ações que melhorem as condições de saúde nas comunidades indígenas no Brasil. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) é membro titular da Cisi e o representante da autarquia nesse colegiado é o psicólogo Tássio Soares, que participou da reunião, realizada em Brasília nestas terça-feira (9) e quarta (10).

A revisão da Política Nacional de Atenção à saúde dos povos indígenas, aprovada pela Portaria do Ministério da Saúde 254, de 31 de janeiro de 2002, foi uma das ações propostas pela Comissão para investir na melhoria das condições da saúde indígena. Será formado um Grupo de Trabalho (GT) que ficará responsável pela condução desse debate. A Comissão analisou também denúncias recebidas sobre a precarização da saúde indígena, principalmente em comunidades do Alto Rio Negro, localizada no noroeste do estado do Amazonas, região com enorme diversidade étnica na Amazônia. Problemas como aparelhos sucateados, a necessidade de melhoria nas questões de logística e de recursos humanos, são alguns deles.

Violência

Outras denúncias analisadas pela Cisi trataram da escalada de violência à qual a etnia Guarani Kaiowá está sendo submetida no Mato Grosso do Sul. A ação de violência mais recente ocorreu em junho desse ano, quando jagunços supostamente contratados por um grupo de fazendeiros mataram, com tiros na cabeça, o agente indígena de saúde pública Clodiodi de Souza, de 23 anos. No mesmo ataque, outros seis indígenas ficaram feridos, incluindo uma criança de 12 anos. A ideia da Comissão é montar uma equipe que vá até a região para conhecer a situação ou fazer uma reunião descentralizada da Comissão naquele local.

Tássio Soares destaca que ações na área da saúde mental – na qual, segundo ele, a Psicologia tem muito a contribuir – também serão prioritárias no trabalho. “Com a participação do CFP nessa comissão podemos contribuir muito em questões relativas à violência, agravos não transmissíveis, comportamento suicida, consumo problemático de álcool. O conhecimento psicológico tem muito a contribuir na hora de pensar essas questões e a prática profissional do (as) psicólogo (a) tem muito a enriquecer esse campo de atuação. Hoje temos 34 distritos (Distritos Sanitários Especiais Indígenas), e pelo que sei, todos contam com pelo menos um(a) psicólogo(a). Então já é um campo de atuação a política de saúde indígena. E nesse espaço a gente pode militar também pelas questões do trabalho desses profissionais, para a garantia de alguns dos seus direitos”, destaca Soares.

A Comissão
Os próximos encontros da Comissão estão marcados para os meses de outubro e dezembro. A Cisi foi criada em 1991 com o objetivo de assessorar o CNS no acompanhamento da saúde dos povos indígenas por meio da articulação intersetorial com governos e com a sociedade civil organizada.

No dia 9 de agosto o mundo celebrou o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Confira matéria sobre a data.