Nos próximos dias 30 e 31 de maio, o Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa (IEP-HSL) realiza o I Simpósio Internacional de Incontinência Urinária. Destinado a urologistas, ginecologistas, pediatras, nefropediatras, fisioterapeutas, psicólogos e enfermeiros, o Simpósio abordará avanços na área de diagnósticos e tratamentos deste distúrbio que atinge 10% da população brasileira. O percentual, no entanto, dobra com o passar do tempo, principalmente entre as mulheres. Acima dos 50 anos até 20% delas enfrentam problemas como dificuldade de esvaziar a bexiga, incontinência urinária, síndrome da bexiga hiperativa ou enurese noturna. Estes quadros são agravados com o decorrer da idade ou em pacientes de grupos específicos como neuropatas, diabéticos ou pacientes oncológicos. “Estudos apontam que doenças no sistema urinário são as que mais afetam a qualidade de vida das pessoas, perdendo apenas para a depressão. Uma pessoa com incontinência urinária, por exemplo, se distancia do convívio social”, explica o Prof Dr Flávio Trigo, coordenador do Simpósio e do Centro de Incontinência Urinária do Hospital Sírio-Libanês. Entre os avanços na área, o especialista destaca os chamados exames funcionais que são realizados com equipamentos de última geração como urodinâmica e vídeo-urodinâmica. Eles permitem a correta identificação do tipo de incontinência e, consequentemente, um tratamento personalizado e com resultados mais promissores aos pacientes. Os tratamentos não invasivos também serão destaque do Simpósio, como a reabilitação do assoalho pélvico por meio de biofeedback, uma ferramenta terapêutica com a finalidade de desenvolver nos indivíduos uma melhor capacidade de autocontrole. Com o uso dessa tecnologia, o fisioterapeuta monitora a movimentação do assoalho pélvico por meio de eletrodos de superfície, semelhante a um eletrocardiograma, e instrui o paciente a contrair e relaxar ou contrair esta musculatura nos momentos adequados. Outra forma de tratamento é a estimulação elétrica não invasiva, onde correntes elétricas de pequena intensidade são aplicadas sobre a musculatura pélvica do paciente. As cirurgias minimanente invasivas também serão abordadas, entre elas a que permite a correção da incontinência urinária com o uso de uma tela sintética (como as usadas em reparo de hérnia), a aplicação de toxina botulínica na bexiga, e a implantação de eletrodos ligados a um gerador de pulso que modula a atividade do trato urinário por meio da emissão de estímulos elétricos de baixa intensidade (marcapasso vesical). “Queremos apresentar e discutir com os profissionais todos estes avanços que permitem melhorar a vida das pessoas que sofrem com algum tipo de distúrbio do sistema urinário”, explica Trigo. Para isso, o Simpósio trará dois especialistas internacionais: Francisco de Badiola, chefe do Serviço de Urologia Pediátrica e Diretor da Unidade de Incontinência Urinária e Fecal do Hospital Italiano de Buenos Aires, e research fellow em Urologia da Universidade de Michigan e Minesota, nos Estados Unidos; e Ervin Kocjancic, diretor da Divisão de Saúde Pélvica e Urologia Reconstrutiva e diretor do Programa de Residência Médica em Urologia da Universidade de Illions, em Chicago, e chefe do Comitê de Educação da Sociedade Internacional de Incontinência com sede em Londres - UK. O Hospital Sírio-Libanês inaugurou recentemente o Centro de Incontinência Urinária. Focado no atendimento global do paciente, o local atende adultos e crianças. O novo serviço integra fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos a uma equipe de médicos especialistas no atendimento ao paciente com problemas urinários. Esses tratamentos também são oferecidos para pacientes da rede pública de saúde. No Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, por meio de uma parceria do Município de São Paulo com o Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês, crianças e adolescentes com incontinência urinária são atendidos diariamente. Entre os serviços oferecidos está a Clínica de Enurese e o tratamento para distúrbio da eliminação. Trata-se do primeiro centro multidisciplinar público para o diagnóstico e tratamento de doenças que acarretam a perda involuntária do “xixi” em crianças com mais de seis anos. Com uma equipe multidisciplinar formada por pediatras, urologistas, nefrologistas, gastroenterologistas, neurologistas, fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos, a Clínica busca atuar na prevenção e trato deste distúrbio comum na população infantil.