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06/08/2014 - 13:47

Simpósio debate a construção de práticas desmedicalizantes

Encontro realizado pelo Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade reuniu especialistas para debater práticas contrárias à lógica da medicalização no país. A entidade divulgou nota de apoio à portaria municipal de São Paulo que institui novo protocolo para o uso do Metilfenidato, substância administrada no tratamento de hiperatividade.

Simpósio debate a construção de práticas desmedicalizantes

Na última semana, nos dias 31 de julho e 1º de agosto, foi realizado o II Simpósio Baiano “Medicalização da Educação e da Sociedade: da crítica à construção de práticas desmedicalizantes”. Organizado em Salvador pelo Núcleo da Bahia do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, o evento reuniu especialistas, psicólogos, pedagogos, educadores, fonoaudiólogos, historiadores, químicos, professores, médicos, estudantes das diversas áreas e famílias, com objetivo de discutir a construção de práticas que mudem a lógica da medicalização.

Durante o encontro, que aconteceu na Universidade Federal da Bahia, foram debatidas orientações sobre como desenvolver práticas que se contraponham à medicalização, principalmente no que se refere ao perigo do uso de medicamentos em crianças. A crítica é importante, segundo o Fórum, pois a lógica da medicalização é dominante e captura educadores, familiares e profissionais, especialmente professores, psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais e médicos. O Fórum divulgou após o evento, no dia 04, nota de apoio à Portaria 986/2014 da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de São Paulo, que institui um novo protocolo para a dispensação do Metilfenidato, substância utilizada no tratamento de hiperatividade.

Nos três dias de evento, foram apresentadas e discutidas outras formas de compreender o comportamento e a aprendizagem humanos sem o recurso de padronização e de patologização da vida. Foram tratados os avanços e desafios das políticas públicas e fatores relacionados à medicalização na educação. “As discussões foram riquíssimas, assim como a partilha das angústias e experiências exitosas de um modelo não-medicalizante. Foi bonito e gratificante ver que existe uma sociedade possível para além da medicação, na qual é possível brincar, rir, chorar, decepcionar-se, angustiar-se”, conta Carolina Freire de Carvalho, representante do Conselho Federal de Psicologia no Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade.

No evento, foi veiculado o documentário “Tarja Branca – a revolução que faltava”, dirigido por Cacau Rhoden, que aborda a importância das brincadeiras nas vidas dos seres humanos, em contraponto aos remédios rotulados como “tarja preta” – indicados para a cura de sintomas como a ansiedade, a insegurança, o medo e a depressão.

O livro “Medicalização da Educação e da Sociedade: ciência ou mito?”, organizado pelas professoras Lygia de Sousa Viégas, Maria Izabel Souza Ribeiro, Elaine Cristina de Oliveira e Liliane Alves da Luz Teles, foi lançado no último dia do encontro. A publicação é resultado dos debates realizados no “I Simpósio Internacional e I Simpósio Baiano Medicalização da Educação e da Sociedade: ciência ou mito?” e tem por objetivo aprofundar o debate em torno do tema.

Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade

Além do apoio à portaria da Secretaria Municipal de São Paulo, a reunião nacional do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade decidiu pela realização do II Seminário Interno do Fórum, que ocorrerá em Belo Horizonte no dia 18 de outubro.

Realizada um dia após o simpósio baiano, a reunião contou com a participação dos núcleos de vários estados por meio de transmissão online.