Desafios e necessidades da avaliação psicológica brasileira nos próximos anos foi o tema de mais um debate realizado nesta quinta-feira (7), no 3º Congresso de Psicologia do Cerrado (Conpcer), que contou com a participação dos membros da Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica (CCAP) do Conselho Federal de Psicologia (CFP).
A necessidade de formação continuada dos profissionais nessa área, a revalidação dos instrumentos já utilizados, a adequação das abordagens ao interesse dos usuários e a urgência de considerar os contextos regionais na aplicação dos testes psicológicos foram questões colocadas como desafios para os profissionais que atuam na avaliação psicológica. Para auxiliar nessa formação, e compreendendo que a bibliografia sobre o tema precisa ser ampliada, os integrantes da CCAP anunciaram, durante o debate, que a Comissão irá se empenhar na produção de um livro com conceitos sobre o tema que será disponibilizado gratuitamente para a categoria.
O coordenador da Comissão Consultiva de Avaliação Psicológica do CFP, João Carlos Alchieri, abordou as características técnicas dos instrumentos psicológicos e as necessidades do cenário nacional. Alchieri destacou que em cinco anos serão aproximadamente 400 mil psicólogas (os) no Brasil, e destacou a necessidade de que esses profissionais invistam em uma formação na área da avaliação psicológica que não se limite a graduação, mestrado ou doutorado, mas com cursos que contemplem os avanços da área e os contextos regionais.
“É preciso entender que o contexto interfere no que chamaremos de resultado, embora alguns aspectos instrumentais sejam uniformes. O maior problema, hoje, está na representação dos critérios demográficos, que são colocados como referências e os profissionais tomam decisões a partir disso. Não se pode ter parâmetros iguais para regiões e contextos diferentes”, lembrou Alchieri. Ele falou também sobre a importância da revalidação dos instrumentos de avaliação psicológica. De 2003 a 2015, foram contabilizados mais de 360 instrumentos de avaliação psicológica. Segundo ele, é tempo mais que necessário para sua a revalidação.
O professor doutor José Neander Abreu, que também integra a Comissão, abordou os aspectos da avaliação psicológica na área da neuropsicologia com uso de instrumentos exclusivos e instrumentos compartilháveis, conjugando esforços. Ele apontou que um dos desafios da avaliação psicológica nessa área é trabalhar com as contribuições que são interdisciplinares e integrativas. “Precisamos discutir sobre os instrumentos compartilháveis que podem ser úteis para os profissionais da psicologia, mas que não são criados por psicólogos, porém são aplicados e trazem bons resultados. É o caso do mini mental, o instrumento mais utilizado no mundo inteiro, de fácil aplicação e interpretação e que foi criado por um médico”, destacou.
Já o professor doutor Valdiney V. Gouveia, outro membro da CCAP, chamou a atenção para a abordagem sobre a avaliação psicológica dentro das instituições de ensino superior que ainda é insuficiente, fazendo com que os profissionais entrem no mercado de trabalho sem ter muita noção da abrangência e importância do trabalho nessa área.
“A avaliação psicológica tem um passado longo, mas uma história recente dentro da psicologia. Mesmo assim, existem cursos de psicologia que não oferecem nenhuma cadeira de avaliação psicológica. Há uma carência de embasamento teórico, além de faltar conexão com a prática. Por isso a necessidade de ter uma bibliografia da CCAP do CFP sobre a avaliação psicológica”, concluiu.
Os debates do 3º Conpcer continuam até sábado (9), com mesas-redondas, rodas de conversa, minicursos e apresentações de trabalhos. Saiba mais sobre a programação.
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