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15/12/2016 - 15:56

CFP lamenta perda de Antonio Lancetti

Conselho divulga nota de pesar pelo falecimento do psicanalista

CFP lamenta perda de Antonio Lancetti

Justo quando está sob ameaça ao lado de outras pautas progressistas, a luta antimanicomial brasileira perde mais um valoroso combatente, o psicanalista Antonio Lancetti.

Argentino radicado no Brasil desde que se exilou da ditadura sanguinária de Videla, ele era um “encontro de rios” entre a teoria psicanalítica, a militância, o fazer profissional e as políticas públicas em Saúde Mental. Colocou em prática inovações como a distribuição de seringas a dependentes para redução de danos, a proibição da violência em instituições psiquiátricas e o oferecimento de um “um pacote de direitos” a dependentes de crack, além de formar quadros.

Responsável pela coleção SaúdeLoucura e autor do livro “Clínica peripatética”, Lancetti definiu que a psicanálise fora do espaço tradicional exige “formação, capacidade de escuta, alto grau de plasticidade” – e contato permanente com a literatura e a filosofia. Ele comparava a (o) psicanalista a uma pilha que tem no contato com o outro – o paciente – a oportunidade mais preciosa de se recarregar. Outra construção afiada é o conceito de “contrafissura”, a postura proibicionista, persecutória e salvacionista da guerra às drogas.

Em falas recentes, criticou duramente o atual “capitalismo idiotizante”, o ódio e o ressentimento sociais e o senso comum sobre corrupção. Defendeu, ainda, a continuidade do programa paulistano De Braços Abertos, baseado na cidadania e respaldado pelos resultados e pela opinião da população.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) lamenta profundamente a morte de Antonio Lancetti e se solidariza com sua família e seus amigos. Reafirma, também, o compromisso com as bandeiras que ele defendeu.