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29/10/2010 - 12:35

Mídia e eleições

 

No final dos anos 80, o grande advogado e analista político Raimundo Faoro caracterizou como crime eleitoral o comportamento da mídia nas eleições no Brasil. Ele se referia a dois episódios: o uso feito por uma das emissoras de televisão de cenas do último debate entre os candidatos naquele ano e ao sequestro de Abílio Diniz que foi atribuído a um dos partidos que disputavam o pleito. Desde então, temos conhecido vários episódios em que a vontade dos eleitores sofre tentativas de manipulação pelo uso de informações, que depois se mostram infundadas.
No presente processo eleitoral, temos assistido à associação de diversos veículos de comunicação,  como em cartel. A intenção para ser a de desqualificar o processo democrático. A unilateralidade das informações é fomentada, como no caso da demissão de nossa colega Maria Rita Kehl, assim como é impressionante a velocidade com que boatos se espalham e temas alheios à campanha ganham notoriedade.
Nesta semana, a professora Marilena Chauí fez um alerta sobre a  possibilidade de nova tentativa de manipulação. Em seu texto, ela nos remete a situações já ocorridas às vésperas de eleições presidenciais, e afirma estar havendo gestões visando à intensificação, nos próximos dias, da ameaça à tranquilidade do processo. (veja aqui texto de Marilena Chauí e o endereço da gravação de sua fala http://www.youtube.com/watch?v=F52srp0SImE).
O alerta da professora Marilena acontece em contexto de uma militante de uma candidatura, o que pode ser desconsiderado nesta mensagem. Para nós do Federal, não importam as candidaturas, mas o processo democrático e um comportamento razoável da mídia. Em qualquer contexto, nos interessa que a vontade dos eleitores seja respeitada e que haja um máximo de tranquilidade no momento de escolha do novo mandatário do país.
Por trás de todo o discurso midiático, sabemos que se escondem interesses de frear o debate do controle social da mídia, fortalecidos pela realização da Conferência Nacional de Comunicação (em que estivemos empenhados como instituição) e pelos indicativos do PNDH3. Trata-se de tentativas de inibir a reflexão de que a comunicação deva estar a serviço da sociedade, e não a serviço dos interesses de um grupo de empresários, donos dos principais veículos de comunicação no Brasil. São defesas veladas pela continuidade da hegemonia de um pequeno grupo no controle da comunicação no país e de todo o poder, político e econômico, advindo deste controle.
Assim, é importante que estejamos atentos, caso tentativas de boicote à democracia, venham a se repetir. Que fiquemos, a partir desta data, alertas e que, embora haja um feriado, possamos nos falar se houver necessidade de um eventual pronunciamento do Conselho Federal de Psicologia. Para mantermos contato, clique aqui.