Os povos indígenas Macuxi, Wapichana, Ingaricó, Patamona e Taurepang lutam há mais de 34 anos em defesa de seu território tradicional, chamado Raposa Serra do Sol. Situado no extremo norte do Brasil, no estado de Roraima, essas tribos vivem naquela região há milênios.
Através de um árduo processo de organização e mobilização, esses povos da Amazônia brasileira conseguiram recuperar o controle do território, que se encontrava invadido por muitos latifundiários e garimpeiros, na mesma medida em que recuperavam suas memórias, valores, culturas, mitos, religiões e reconstituíam a integralidade das relações e alianças entre as diferentes etnias.
Atualmente, o Estado nacional reconhece a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, como já o demarcou, homologou e registrou em Cartório, como patrimônio da União e usufruto exclusivo dos povos indígenas. Reconhece também o protagonismo indígena, que nas 194 aldeias do território desenvolvem atividades em saúde, educação e produção econômica de acordo com as tradições daqueles povos milenares.
No entanto, um reduzido grupo de invasores, ligado ao agronegócio e apoiado por militares, tenta anular a demarcação já feita junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). A votação da Corte será no dia 27 de agosto. Se tiverem êxito, isto significará, além da perda da terra, a destruição de todo o tecido de relações étnicas, inter-étnicas e familiares, constituído ao longo de séculos e fortalecido na luta indígena das últimas décadas.
Uma derrota dos povos indígenas no STF representará, mais que uma derrota política, uma derrota de seu modo de vida e de sua cosmovisão, abrindo caminho para a anomia e para a destruição de um povo, tão freqüentes em outros povos indígenas no Brasil que tiveram seus territórios expropriados pelo latifúndio e pelo agronegócio.