Sobre a Atuação dos Psicólogos em Guantánamo
O Conselho Federal de Psicologia do Brasil, por meio da sua Comissão Nacional de Direitos Humanos, vem a público manifestar-se sobre a participação de psicólogos na supervisão e organização dos interrogatórios – ao nosso ver, nada mais do que tortura, como a ocorrida no nosso país durante o regime militar – dos acusados de terrorismo, pelo governo estadunidense, confinados, sem direito às mínimas garantias da Carta dos Direitos Humanos das Nações Unidas, na Base de Guantánamo.
Algumas práticas, ditas psicológicas, infelizmente, ao longo de nossa história, colaboraram, por meio de suas teorias e de suas intervenções, para a legitimação do esquadrinhamento, da tipificação, da segregação, da exclusão e, portanto, da violação dos mais elementares Direitos Humanos.
Acreditamos estarmos superando esse desvio de trajetória. Estamos construindo uma Psicologia comprometida com a promoção da cidadania, do respeito à singularidade, buscando um mundo mais justo; de igualdade e fraternidade.
Assim, no momento em que, aqui, discutimos justamente o combate a todos os tipos de segregação, maus tratos, tratamentos cruéis e degradantes e todos os tipos de tortura, consideramos, sob qualquer ponto de vista, inaceitável a participação de psicólogos na supervisão, assessoramento, organização e execução de interrogatórios, que, em realidade, não são mais do que efetivas situações de tortura.
Por fim, somos contra a existência de Guantánamo e de lugares semelhantes, onde exista qualquer violação dos direitos humanos. Queremos nos juntar a todos os que lutam nesse sentido.
Comissão Nacional de Direitos Humanos
Conselho Federal de Psicologia