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20/01/2017 - 7:36

Artigo aborda expectativas de pacientes acerca do atendimento psicológico em serviço-escola

Pesquisadoras paulistas abordam como a escuta e a compreensão dessas expectativas podem favorecer a adesão ao processo psicoterápico

Artigo aborda expectativas de pacientes acerca do atendimento psicológico em serviço-escola

Apresentar e discutir as expectativas em torno do atendimento psicológico de pessoas que se inscreveram em um serviço-escola de uma universidade do interior de São Paulo, bem como analisar em que medida o aprimoramento das entrevistas na triagem pode favorecer a adesão ao processo psicoterápico. Esses e outros pontos são tratados no artigo “Expectativas de Pacientes acerca do Atendimento Psicológico em um Serviço-Escola: da Escuta à Adesão”, publicado nesta semana, da edição 36.3 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um manuscrito do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade.

As autoras do artigo são as pesquisadoras Eliana Herzberg (docente da Universidade de São Paulo, USP) e Rita Aparecida Nicioli Cerioni  (docente da Universidade Paulista, Unip).

Segundo o resumo do artigo, foram realizadas entrevistas de triagem com dez participantes que aguardavam na lista de espera para atendimento psicológico e análise documental dos prontuários um ano após a triagem para verificar a adesão. Os resultados foram tratados segundo a análise de conteúdo enfocando queixa manifesta, queixa latente, expectativas, adesão e desistência e discutidos a partir dos pressupostos psicanalíticos.

De acordo com as autoras, verificou-se uma adesão positiva ao encaminhamento proposto, indicando que a escuta e a compreensão das expectativas das (os) usuárias (os) do serviço-escola de Psicologia podem enriquecer o sentido da busca por atendimento psicológico. As implicações do estudo dizem respeito ao estabelecimento de uma escuta mais acurada na triagem e um maior cuidado por parte dos (as) supervisores (as) e estagiários (as) em relação a essa prática, possibilitando uma redução do hiato muitas vezes existente entre o que esperam as pessoas que buscam atendimento psicológico e as (os) estagiárias (os) de Psicologia.

Para dar mais detalhes sobre a pesquisa, a Assessoria de Comunicação do CFP conversou com Eliana Herzberg.

Confira a entrevista 

O que as motivou fazer pesquisa com esse tema? 

Somos supervisoras em faculdades de Psicologia do Estado de São Paulo. Supervisionamos triagens e psicoterapia. Preocupa-nos a o alto índice de desistência entre a triagem e a psicoterapia. Pacientes que eram triados e pareciam engajados na proposta de psicoterapia desistiam do atendimento no início do processo, ou antes mesmo de iniciá-lo. Começamos a orientar as nossas entrevistas e as dos estagiários no processo de triagem para a escuta das expectativas, do desejo dos pacientes, o que levou a uma melhor adesão. Essa constatação motivou a pesquisa.

 

Quais os resultados que você destaca neste levantamento? 

O estudo aponta que uma escuta mais acurada e cuidadosa acerca do que as pessoas que buscam atendimento psicológico esperam do processo parece interferir positivamente no processo de adesão à psicoterapia. A triagem é uma porta de entrada de qualquer processo de intervenção, momento de dar voz ao desejo das pessoas que buscam atendimento psicológico. Os resultados revelaram um índice de adesão satisfatório. Dos dez entrevistados na triagem, sete aderiram à psicoterapia. Dos três que não deram continuidade, apenas um abandonou sem justificar. Assim, a triagem não é apenas um momento de compreender ou de encaminhar, mas de dar sentido ao desejo.

 

Na sua opinião, em que sentido que a escuta e compreensão das expectativas dos usuários do serviço-escola de Psicologia podem enriquecer o sentido da busca por atendimento psicológico? 

Em dois sentidos: de um lado, por parte do próprio usuário, que pode reconhecer os limites e possibilidades da psicoterapia, relativizando expectativas idealizadas. Por outro, por parte do estagiário, que também pode relativizar o quanto é possível fazer pelo usuário. Não se trata de satisfazer as expectativas, mas sim de reduzir o hiato entre as expectativas de ambas as partes, usuários e estagiários.

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.