Em reunião com cerca de 30 mulheres de diversas áreas da sociedade civil, a ministra Luciana Lóssio, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apresentou dados sobre a sub-representação feminina na política: nas eleições municipais deste ano, mais de 16 mil candidatas não receberam sequer um voto; em 1.286 cidades não houve nenhuma mulher eleita para o cargo de vereadora; e em apenas 24 municípios elas representam a maioria dos eleitos para a Câmara de Vereadores. Durante o encontro, foram debatidas medidas para mudar esse quadro.
Entre os pontos a enfrentar, foram abordadas as “candidaturas laranjas” de mulheres. A representante do Conselho Federal de Psicologia (CFP) na discussão em Brasília, Valeska Zanello, aponta essa prática como decorrente de uma forma de violência sofrida por elas.
“Os homens que querem se candidatar colocam irmãs, mães, esposas de maneira fake nas legendas só para atender a uma demanda e obrigatoriedade prescrita pelo TSE”, observa a psicóloga. “Eles se utilizam do dispositivo amoroso e materno dessas mulheres. Tem casos de mães que se candidatam pelos seus filhos, ou esposas pelos seus maridos, depois de sofrerem pressões que configuram violência psicológica.” A reunião foi realizada na sexta-feira (4).
A Lei das Eleições (Lei 9.504/1997) estabelece cotas de gênero, obrigando cada partido ou coligação a preencher o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. Contudo, a legislação não refletiu em um aumento da participação da mulher na política nos últimos anos. Ainda de acordo com dados do Tribunal, atualmente, as mulheres ocupam apenas 10% das prefeituras e representam 12% dos vereadores nas câmaras municipais.
“Discutimos encaminhamentos, inclusive a possibilidade de campanhas publicitárias, e o CFP deve se engajar na concretização dessas medidas”, conta Zanello. Leia mais.