O Conselho Federal de Psicologia (CFP) participou da 21ª Conferência do Conselho Internacional sobre Álcool, Drogas e Segurança no Trânsito (T2016), em Gramado (RS). A autarquia foi representada pelo conselheiro João Alchieri, que palestrou sobre integração técnico-científica de processos avaliativos. O evento foi encerrado no dia 19.
“Apresentamos proposta de desenvolvimento de uma política comum, um trabalho unificado, de avaliação, que pudesse contemplar também indicadores de uso de álcool e substâncias”, conta. “Pudemos demonstrar como a expertise do psicólogo poderia se relacionar com a de outros agentes – médicos e instrutores, por exemplo – e ir além do trabalho atual, praticamente restrito à concessão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).”
Segundo o conselheiro, a possibilidade de integrar intervenções chamou a atenção da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).
“É uma problemática frequente em todos os países. No Brasil, mais ainda”, diz, lembrando que pesquisadores de cerca de 20 países participaram da Conferência. “As culturas têm diversidades. Algumas toleram a possibilidade de uso (associado à direção), mas a maioria proíbe.”
Alchieri aponta o exame toxicológico dos motoristas profissionais como um ponto controverso do debate. “Muitos pesquisadores de São Paulo e do Rio Grande do Sul vêm mostrando que não tem como você realizar tal indicativo”, observa. Ele lembra a diversidade de tipos de drogas disponíveis e o risco de falsos positivos, em função, entre outros fatores, de falhas metodológicas dos laboratórios. “Uma situação como essa pode obrigar o médico a retirar a carteira de um profissional, que assim não vai poder dirigir e sustentar a família”, critica.
Reunião
O representante do CFP também se reuniu com integrantes da diretoria da Associação Brasileira de Psicologia de Tráfego (Abrapsit). Discutiram o Projeto de Lei (PL) 8.085/14, em tramitação na Câmara dos Deputados. A proposta altera a Lei 9.503/97, que institui o Código de Trânsito Brasileiro.