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28/11/2014 - 14:18

Encontro Internacional no RS discute violência nos estados ditatoriais

Representantes da CDH/CFP participaram do evento em Porto Alegre

Encontro Internacional no RS discute violência nos estados ditatoriais

As psicólogas Bárbara de Souza Conte e Vera Vital Brasil, participou, nos dias 14 e 15 de novembro, do Encontro Internacional Diálogos e Formas de Intervenções no Campo da Violência de Estados Ditatoriais, no Museu dos Direitos Humanos do Mercosul, em Porto Alegre/RS.

O evento reuniu especialistas do Brasil, Uruguai e Argentina em um debate sobre programas de restauração simbólica, moral e psíquica daqueles afetados durante os anos das ditaduras militares no Cone Sul. A atividade se deu como  resultado da parceria entre os projetos clínicos desenvolvidos no Rio Grande do Sul, pela Sigmund Freud Associação Psicanalítica do RS (SIG), e no Rio de Janeiro, pelo Instituto Projetos Terapêuticos do Rio de Janeiro, que fazem parte da rede Clinicas do Testemunho da Comissão de Anistia, do Ministério de Justiça;  a Assessoria de Cooperação e Relações Internacionais (Acri), o Memorial do Rio Grande do Sul.

Também estiveram presentes José Carlos Moreira da Silva Pinto, da Comissão de Anistia, a secretária estadual de Justiça e dos Direitos Humanos, Juçara Dutra, a assessora de relações internacionais Norma Espíndola, o presidente da Comissão Estadual da Verdade, Carlos Guazzelli, a cônsul-geral do Uruguai, Karla Beszkidnyak, a presidente da SIG, Sissi Vigil Castiel, e Márcio Tavares dos Santos, diretor do Museu de Direitos Humanos do Mercosul, entre outras autoridades.

Clínicas do Testemunho

Na ocasião, foi lançado o livro “Clínicas do Testemunho: reparação psíquica e construção de memórias”, resultado de dois anos de estudos com vítimas do regime feitos pela SIG em parceria com a Projetos Terapêuticos RJ e em co-edição com o Ministério da Justiça/Comissão de Anistia.

O projeto visa proporcionar escuta e devolver voz àqueles que tiveram suas vidas afetadas pela violência estatal em um regime de exceção. As práticas instituídas de tortura, prisões arbitrárias, mortes e desaparecimentos forçados permanecem produzindo efeitos na sociedade enquanto permanecerem ocultadas, desconhecidas e impunes e, por isso, o programa se estende ao âmbito do individual ao social.

Segundo a coordenadora do Clínicas e integrante da CDH/CFP, Bárbara Conte, “os trabalhos apresentados neste livro apontam para a complexidade do tema da reparação psíquica a partir do trauma e do testemunho, e a dupla face que o horror da violência gera. Todos esses elementos reforçam a lembrança para que a luta pela justiça continue”, destacou.

Debates

Após a cerimônia inicial, a artista Rita Maurício apresentou um fragmento do monólogo “Para sempre poesia”, que fala sobre a vida de seus pais, o poeta e ex-preso político José Luiz Maurício e a artista plástica e bonequeira Seli Maurício. A peça remonta aos momentos de angústia da experiência vivida nos anos de perseguição e cárcere por meio de uma performance carregada de sentimentos e intensidade.

Na sequência, foi realizada a primeira mesa do encontro, “Contexto histórico da violência de Estado no Cone Sul”, cuja composição se deu com Paulo Abrão (Presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça), José Carlos Moreira da Silva Filho (professor da Faculdade de Direito da PUCRS), Victor Abramovich (argentino, secretário Executivo do Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos do Mercosul) e Luis Alén (advogado argentino e subsecretário de Proteção de Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Argentina).

No dia seguinte (15), pela manhã, foi realizada a mesa “Testemunho da Verdade, Testemunho da Justiça”, que contou com a participação de Bárbara Conte e de representantes da Argentina, a psicanalista Fabiana Rousseaux, e do Uruguai, a psicóloga Maria Celia Robaina.

A atividade também contou com a discussão sobre “Práticas de reparação psíquica, de verdade e de memorialização frente à violência de Estado no Cone Sul”. Além de Vera Vital Brasil (integrante da CDH/CFP e coordenadora do Projetos Terapêuticos do Rio de Janeiro /Clínicas do Testemunho RJ), participaram o professor e diretor do Núcleo de Direitos Humanos da PUC Rio de Janeiro, João Ricardo Dornelles; a psicóloga argentina Telma Lília Mariasch e o psicólogo uruguaio Miguel Scapusio.

Uma das propostas, a partir dos debates, é a manutenção da Rede Clínicas do Testemunho/Mercosul, visando a continuidade do debate sobre reparação psíquica e memoralização e programa de políticas públicas para o enfrentamento da violência de Estado.

Com informações Redação Secom/Governo do Estado do Rio Grande do Sul